segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

A Natureza descentralizadora do culto e adoração no Novo Testamento


Por Douglas Pereira da Silva

Ao analisarmos as Escrituras Hebraicas (Antigo Testamento), observamos que com o estabelecimento da monarquia de Israel, a adoração e o serviço a Deus ficaram orientados em torno de Jerusalém. As nações foram convidadas a reconhecer Israel como o mediador de Deus na Terra.

Para cultuar o verdadeiro Deus, os gentios deviam chegar a Israel – e não apenas a Israel, mas a Jerusalém (I Crônicas 16.23-29, Salmos 96). De maneira semelhante para o próprio judeu, o culto foi orientado à cidade de Sião, ao templo e ao Santo dos Santos.

Havia uma hierarquia de levitas, sacerdote e sumo-sacerdotes que se tornaram os mediadores entre Deus e o homem. Eles eram especialistas e profissionais na lei Mosaica acerca das cerimonias e dos sacrifícios.
Havia dias especiais, festas religiosas e o sábado, que marcavam, diante das nações, a aliança entre Israel e Deus (Êxodo 31.13-17).

Essa maneira de cultuar e servir a Deus era CENTRALIZADORA:

a) Centralizava-se racialmente nos judeus;

b) Centralizava-se geograficamente em Israel, Jerusalém, o Templo e o Santo dos Santos;

c) Centralizava-se temporalmente no sábado e em certas festas religiosas;

d) E centralizava-se na hierarquia religiosa mediadora, pois sem os sacerdotes era ilícito oferecer sacrifícios.

Vejam agora, a EKKLESIA (IGREJA) do Novo Testamento meus irmãos!

Descobrimos a extraordinária inversão da forma antiga de cultuar a Deus:

a) Em vez de centralizar-se nos judeus, a Igreja se tornou UNIVERSAL para todos os povos, sem discriminação ou favoritismo;

b) Em vez de centralizar-se geograficamente em Israel, Jerusalém e o Templo, os cristãos foram mandados de Jerusalém para Judá e Samaria, até os confins da terra. No corpo de Cristo, a geografia já não é importante. Onde está um cristão, ou onde dois ou três deles se encontram, ali há o templo de Deus;

c) Em vez de centralizar-se temporalmente no sábado e nas festas judaicas, a fé cristã se tornou algo a ser praticado no dia-a-dia, liberando o cristão para escolher quando adorar (Romanos 14.5-6);

d) Finalmente, em vez de centralizar-se numa hierarquia sacerdotal, cada cristão é declarado sacerdote, com acesso direto ao Deus Pai através de Jesus Cristo (I Pedro 2.5). O Novo Testamento destaca a necessidade de liderança exercida por bispos, presbíteros, pastores e anciãos – considero todos essencialmente sinônimos (Atos 20.17-28; I Pedro 5.1-4) – e também de diáconos (I Timóteo 3.8-11). Mas a liderança não é sacerdotal como no Antigo Testamento. Ele não assume uma posição de rei ou sacerdote, nem executivo ou chefão – apesar de muitos ministros, equivocadamente, agirem assim. Ao contrário, a liderança foi concedida ao corpo de Cristo para aperfeiçoar cada membro da IGREJA como sacerdote neste mundo (Efésios 4.11-16).

Portanto meus irmãos, ao contrário do Antigo Testamento, a Igreja cristã é um organismo centralizado somente em Jesus Cristo e caracterizado cada vez mais no Novo Testamento por sua DESCENTRALIZAÇÃO terrestre!


BIBLIOGRAFIA

OIKOS, Instituto. Eclesiologia - Repensando a Igreja à luz do Novo Testamento. São Paulo: Editora Oikos, 2013

2 comentários:

  1. Ô, meu rei, adivinha quem está comentando isso? rsrs, sou eu. Ótimo texto, principalmente a forma como explicou a diferença entre Israel terrestre e a Igreja. Seu blog só tem a crescer, meu mano. Paz de Deus

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    1. Fala meu mano Mateus [rsrsrsrs]

      Que alegria sinto em receber sua ilustríssima visita neste humilde espaço!
      Obrigado pela incentivo e desde já, rogo orações
      Um grande abraço, na paz de Deus!

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