domingo, 24 de janeiro de 2016

A alegria no Senhor é Incondicional


Por Leopoldo Henrique

Sermão Temático, pregado no dia 16 de Junho de 2015, na sala de aula da Faculdade Teológica Batista de Osasco e Adjacências (FATBOA).

Filipenses 4.4: "Alegrem-se sempre no Senhor. Novamente direi: alegrem-se!"

Essa passagem Bíblica que lemos irmãos, nos mostra que devemos nos alegrar continuamente, sempre, no Senhor. O versículo lido nos traz a alegria como algo imperativo na vida do cristão, um mandamento da parte do escritor Paulo, inspirado pelo Espirito Santo.

Para entender melhor o conceito de alegria, recorri ao dicionário Aurélio, que me trouxe a seguinte definição: “Alegria é um estado de satisfação extrema. Sentimento de contentamento ou de prazer excessivo”.

Parece obvio que Paulo havia escrito esta carta em um momento de bonança. De satisfação emocional exorbitante. A alegria, é uma das maiores buscas da realização da humanidade. Alegria, felicidade, satisfação, etc. 

Para minha surpresa, de acordo com o comentário bíblico King James, Paulo quando escreveu esta carta para Igreja de Filipos, estava preso em Roma. 

Então por que Paulo estava trazendo essa recomendação de modo tão imperativo? Qual o motivo da alegria de um homem aprisionado?

A Bíblia Sagrada nos revela que Paulo foi visitado pelo Senhor Jesus quando o mesmo estava a caminho de Damasco a fim de prender os Cristãos.

Observei, então, que quando o Senhor Jesus, em sonho, envia Ananias a se encontrar com Paulo, o Senhor Jesus diz a Ananias (At 9.16) que mostraria o quando convinha que Paulo padecesse pelo Seu Nome.

Desde então, Paulo passou por duras provas durante a sua jornada cristã. Ele faz um breve resumo de seu sofrimento na carta que escreve a Igreja de Corinto (2 Co 11:23-28):


"São ministros de Cristo? (falo como fora de mim) eu ainda mais: em trabalhos, muito mais; em açoites, mais do que eles; em prisões, muito mais; em perigo de morte, muitas vezes. Recebi dos judeus cinco quarentenas de açoites menos um. Três vezes fui açoitado com varas, uma vez fui apedrejado, três vezes sofri naufrágio, uma noite e um dia passei no abismo; Em viagens muitas vezes, em perigos de rios, em perigos de salteadores, em perigos dos da minha nação, em perigos dos gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre os falsos irmãos; Em trabalhos e fadiga, em vigílias muitas vezes, em fome e sede, em jejum muitas vezes, em frio e nudez. Além das coisas exteriores, me oprime cada dia o cuidado de todas as igrejas".

- Foi perseguido em Damasco (2 Cor. 11.32-33);

- Rejeitado em Jerusalém (At. 9.26-28);

- Esquecido em Tarso (At. 9.30-31);

- Apedrejado em Listra (At. 14.19);

- Preso e açoitado em Filipos (At. 16.19-26);

- Enfrentou feras em Éfeso (1 Co. 15.32);

- Preso em Jerusalém (At. 21,13);

- Sofreu naufrágio indo para Roma e uma víbora o mordeu na ilha de Malta (At 27.9; 28.1-10);

- Na sua primeira prisão em Roma, ao ir a julgamento, ninguém foi a seu favor (2 Tm 4.16);

- Foi abandonado por Demas, perseguido por Alexandre e sentenciado a morte por Nero. (2Tm 4.10; 2Tm4.14).

Como alguém com uma história de vida tão sofrida, tão difícil, poderia nos trazer esse mandamento?

Através de Paulo, podemos entender que a alegria do cristão não depende das circunstâncias;

I – Paulo tinha certeza que Deus estava no controle;

“Regozijai-vos sempre no Senhor...”  (v. 4a).

Paulo já tinha experimentado por inúmeras vezes as dificuldades dessa vida, mas em todas as vezes, nunca se sentiu desamparado por Deus. Paulo tinha certeza da provisão divina e nos deixa registrado no versículo 19: “O meu Deus, segundo as suas riquezas, suprira todas as vossas necessidades em glória, por Cristo Jesus”.

Nós também somos experimentados constantemente em nossa vida com momentos bons e ruins. É a falta de emprego que as vezes bate a nossa porta e nos deixa preocupados. Uma doença grave a qual não esperávamos, mas que entra em nossa vida de forma sorrateira, ou na vida de um ente querido nosso. A dor de uma perda irreparável, irreversível, a qual faz parte do ciclo da vida humana nesta terra, mas que, nunca queremos aceitar. Ou quem sabe, uma família desequilibrada onde o pai ou a mãe não demonstram nenhum sentimento afetivo para com os filhos, vivem em conflitos. Filhos nas drogas, maridos violentos, afogados no vicio da bebida. São momentos que nos deixam aflitos, entristecidos. Momentos de tribulação, angustia e dor que parecem não terem mais fim.

Sabemos que o nosso Deus prova aquele a quem Ele ama. As provações pelas quais passamos nos fortalecem. É a maneira de Deus moldar o nosso vaso de barro. Afinal, que é o barro para dizer ao oleiro a maneira que o mesmo devera trabalhar? Paulo escrevendo a Igreja de Corinto (2 Coríntios 4:8-10) diz que em tudo somos atribulados, mas não angustiados. Perseguidos, mas não desamparados. Abatidos, mas não destruídos.

Paulo também passou por uma série de intempéries em sua vida. A diferença é que a alegria de Paulo estava alicerçada em um estado de Espirito, permanentemente otimista, em relação ao amor e ação de Deus a seu favor por meio do Espirito Santo.

A nossa alegria não está condicionada ao momento emocional o qual estamos enfrentando, de forma alguma, a nossa alegria está na esperança de que Deus tem o melhor para nossas vidas e que Ele pode nos tirar da situação adversa pela qual estejamos passando. Que Ele provera uma porta de escape para nós. E ainda que o resultado não seja o que esperamos, saibamos que Ele sempre tem o melhor para nossas vidas.

Assim como Paulo nos deixou registrado nesse mesmo capitulo da carta aos filipenses no versículo 4; “Posso todas as coisas naquele que me fortalece”. Nós também podemos todas as coisas naquele que nos fortalece.

II – Paulo não esperava somente nesta vida;

“... outra vez vos digo, regozijai-vos” (v. 6c).

Paulo tinha alegria porque não estava esperando somente nessa vida. A motivação de Paulo a passar os momentos emocionais adversos com alegria, é porque ele tinha certeza que havia algo muito mais excelente aguardando ele na vida futura.

Precisamos, assim como Paulo, nos ligarmos mais ao céu. Muitos estão perdendo a alegria porque estão esperando somente nas coisas terrenas. O materialismo e o secularismo tem aberto largas portas no coração do homem, onde a tristeza e a desilusão tem trazido dores incalculáveis. Muitos tem dado fim a própria vida, cometidos atrocidades, cometidos delitos, tudo porque não conseguiram se realizar com os prazeres supérfluos do mundo.

Mas Paulo consegue ver no sofrimento algo positivo, a ponto de escrever aos Coríntios que: "[…] pois os nossos sofrimentos leves e momentâneos estão produzindo para nós uma glória eterna que pesa mais do que todos eles. Assim, fixamos os olhos, não naquilo que se vê, mas no que não se vê, pois o que se vê é transitório, mas o que não se vê é eterno". (2 Coríntios 4:17-18).

Enquanto a alegria do mundo está condicionada há um bom emprego, há uma vida regada por benefícios materiais e prazeres passageiros. E quando isso não acontece, ou quando algo dá errado no meio do percurso por essa busca desenfreada, a tristeza invade o coração do homem. O Cristão tem a sua alegria alicerçada na esperança de que um dia iremos morar no céu. Que um dia veremos o nosso Senhor Jesus face a face como Ele é. A alegria do Cristão está na certeza que o nosso Mestre foi nos preparar um lugar de gozo, prazer inefável, onde viveremos eternamente.

Naquele dia, o Senhor limpara de nossos olhos todas as lagrimas.

Conclusão:

A vida de Paulo nos deixa bem claro que devemos adorar a Deus pelo que Ele é e não pelo que Ele pode.

Embora passemos por momentos difíceis nesta terra, a nossa alegria está na certeza de que Deus tem poder para suprir toda a nossa necessidade aqui nesta terra segundo a Sua vontade. E ainda algo muito mais excelente, um dia iremos morar com nosso Senhor Jesus na gloria.

A nossa alegria consiste em fazer a obra de Deus. Nos alegramos no sofrimento, pois assim como Paulo, nossa esperança não está somente nesta vida, sabemos que há uma coroa de gloria reservada que o justo juiz dará para todo aquele que perseverar até o fim.

O próprio Espírito testemunha ao nosso espírito que somos filhos de Deus. Se somos filhos, então somos herdeiros; herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo, se de fato participamos dos seus sofrimentos, para que também participemos da sua glória. Considero que os nossos sofrimentos atuais não podem ser comparados com a glória que em nós será revelada. (Romanos 8:16-18).

Amém!

Sobre o Autor: Léo Henrique é cristão bereiano, piedoso servo de Deus, engenheiro de telecomunicações, ministro do evangelho, professor da Escola Bíblica Dominical, é membro da Assembleia de Deus ministério do Belem e ilustre colaborador adjunto do blog Teologando.

3 comentários:

  1. Isso é viver pelo Espírito! È dessa forma que Deus quer que nós vivemos! Embora com o coração cheio de amor ; desapegados de tudo e todos! Somente com as virtudes divinais, Seu Espírito em nós, poderemos fazer a Vontade de Deus.

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    1. Sim irmã Sonia,

      E aquele que se dedica no dia-a-dia, disciplinando o seu ego e suas insatisfações, para viver pelo Espírito, é, sem duvida alguma, muito feliz!

      Felicidade só é alcançada quando fazemos a vontade de Deus em detrimento de nossas vontades; pois Deus é a fonte deleitosa de toda felicidade!

      A paz de Deus minha querida irmã!

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  2. Se Deus prova aos que seguem a Cristo porque ele os ama, fazendo disso um sentido, então qual sentido teria em dificultar a vida do descrente ? Do meu ponto de vista não é Deus quem nos prova, mas o que nos prova, sejamos crentes ou descrentes são as dificuldades de uma vida que se encontra no mundo o qual Deus não faz parte embora ele conheça e esteja em cada um o qual quer estar. Paulo foi como qualquer um de nós provado pelo mundo e pelas situações em que vivia, o fato de estar mais envolvido com as causas de Cristo o fazia sofrer mais pelo fato de naturalmente encontrar dificuldades por onde passava, cada lugar desse lhe proporcionava culturas diferentes, dificuldades ambientais diferentes, ou seja quanto mais envolvido eu estiver com uma causa é claro que terei que passar por diversas situações. Deus não sai provando as pessoas como dizem, lhes dando enfermidades,causando acidentes, na verdade todas essas coisas estão licitas a acontecerem com qualquer um. Difere é claro não a provação mas punição de povos como Israel e outros aos quais Deus castigou, o caso de Jó foi uma provação não de Deus mas o Diabo se apresentou como uma dificuldade e Deus permitiu embora ele não o quisesse e não era a intenção de Deus, o que é diferente de querer e permitir. É necessário explicar isso as pessoas porque Deus está sendo duramente culpado por coisas que são naturais ao ser humano.

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