Por Douglas Pereira da Silva
Monólogo da parábola do filho pródigo – Lucas 15.11-32 –
pregado no dia 09 de Junho de 2015, na sala de aula da Faculdade Teológica Batista de Osasco e Adjacências.
Nasci e fui criado em uma
família feliz; tive carinho, amor, atenção e uma boa educação dentro de casa.
Meu Pai era um homem muito sábio, firme em suas decisões, manso, amoroso, era e
é o maior exemplo para a nossa família. Cresci neste ambiente de amor e
retidão; sempre em sua presença e companhia, meu Pai me ensinava com dedicação
e esmero, os bons costumes e a ser um cidadão de respeito e dignidade. Tinha
toda a liberdade que desejava dentro de casa; meu Pai confiava plenamente em
mim para administrar os seus negócios, e ainda, me orientava para que no futuro
soubesse conservar o patrimônio e valorizar tudo o que tinha conquistado com
nosso trabalho: os campos e as ovelhas que nossa família possuía, pois éramos o
mais rico de toda região.
Então fui crescendo,
crescendo e crescendo.
Quando cheguei à juventude,
um sentimento de insatisfação pela minha pacata vida no campo e a curiosidade em
conhecer o mundo e viver na cidade, se instalara abruptamente na silenciosa
sala do meu coração; cada vez mais pulsava dentro de mim, aquele espirito
aventureiro e rebelde, pois desde então, achava a vida no campo muito sem
graça; já não tinha o mesmo interesse e entusiasmo em cuidar dos negócios e
viver com minha família; passei a negligenciar contundentemente as orientações
que desde cedo recebi, não tinha mais a mesma alegria de outrora, não queria
mais viver naquele ambiente por sentir-me deslocado e pensar que estava
perdendo meu tempo naquele lugar.
Certo dia, já com o espirito
completamente rebelde e insubmisso, fui ajustar as minhas contas e haveres com
meu Pai, exigindo minha parte na herança a fim de partir e nunca mais voltar. Neste
ponto, o meu grande sonho era “curtir” a vida e ser “feliz”. Sequer me importei
em ouvir seus conselhos e advertência, que com amor e ternura me falava.
Tamanha era a cegueira que eu me encontrava, iludido com a falsa percepção de
alegria que o mundo proporciona, com a mente completamente insana e sem
consideração, não fui capaz de perceber o meu terrível desatino: que exigir o
pagamento da minha parte na herança, era o mesmo que matar o Homem que sempre
me amou.
Com a parte que me tocava da
herança em mãos, parti com rumo ao destino de uma vida de aventura e curtição;
sonhava com este dia – de sair da minha casa e ganhar a vida.
Fiz muitos “amigos”, era
muito “querido” e “amado” por todos que conheci nesta nova fase. Tive muitas
mulheres, e “aproveitei” ao máximo todos os prazeres que o mundo pode oferecer:
festas, amigos, bebidas, orgias e lugares de alto requinte. Planejava investir uma
parte daquela grana, mas gastava compulsivamente para sustentar os vícios que adquiri;
até que um dia, percebi que já restava pouco dinheiro em função do desperdício
que eu havia cometido.
Foi neste período que uma
grande fome acometeu aquela cidade, e usei a quantia que restava para suster-me
por um breve período. Todo aquele sonho de ganhar a vida, ser prosperamente
independente, meus projetos e desejo de ser “feliz” curtindo a vida na cidade,
foram frustrados. Meus “amigos” e as pessoas que andavam em minha companhia nas
festas que frequentei, além das mulheres que ostentavam excessiva beleza, me
abandonaram. Cheguei ao fundo do poço, precisando mendigar para não morrer de
fome, pois nesta circunstancia, findaram todas as minhas economias. Encontrei um
emprego de cuidador de porcos, e submeti sem experiência alguma a este
dificílimo trabalho, para pelo menos tentar ganhar um prato de comida. Tal era
a minha situação de fome e miséria, que desejava comer o alimento que era
servido àqueles animais.
Foi neste momento de
desespero e angustia que então comecei a cair em si; pois errei e cometi
loucura em apostatar do meu Pai, baseado na ilusão de buscar felicidade e
satisfação que o mundo – na verdade – jamais poderia proporcionar. O vazio em
minha alma e a tristeza era grande. Lembrei-me dos ensinamentos e da postura do
meu Pai, do carinho com que me tratava e do conforto da minha casa. “Como voltar atrás? Como desfazer todo o mal
e as decisões equivocadas?” Estas foram as duvidas que, após recobrar a
minha consciência com arrependimento e contrição, dia e noite corroíam o meu
coração.
O desejo de voltar para casa
aflorou em mim, mas a vergonha em ter que enfrentar o meu Pai era muito grande.
Ensaiava na minha mente e fantasiava a minha volta, alimentando minhas
esperanças; “quando encontrar com o meu
Pai” – pensava eu – “direi a Ele: Pequei
contra o céu e contra Ti e já não sou digno de ser chamado de teu filho, mas
faze-me como um dos teus empregados e te servirei até o fim”; pois até os
empregados do meu Pai, eram tratados com dignidade, e viviam incomparavelmente
melhor do que eu estava vivendo. Minha meta e meu desejo era voltar para casa,
mas ficava receoso e com vergonha do que fiz, pensava que meu Pai não perdoaria
por causa do terrível erro que cometi, e decepção que Ele sofreu.
Já não suportando mais
aquela situação de miséria e angustia, tomei coragem para voltar rumo a minha casa;
estava muito sujo e com as vestes rasgadas, havia muito tempo que eu não tomava
banho.
Ao chegar à porta de casa,
meu Pai me avistou e de longe me reconheceu vindo ao meu encontro. Meu coração
batia tanto, parecia que ia sair pela boca. Quando Ele se aproximou de mim, então
falei sem hesitar olhando para o chão, dado o sentimento de fracasso e vergonha
que agora residia em meu coração: “Pai, Pequei
contra o céu e contra Ti e já não sou digno de ser chamado de teu filho, mas
faze-me como um dos teus empregados e te servirei até o fim”.
Com ternura e amor, sem
exigir quaisquer explicações meu Pai me abraçou com tanta força, que o calor
dos seus braços foi suficiente para aquecer o meu corpo gelado do intenso frio
das inúmeras noites que estive nas ruas sozinho, dormindo pelas sarjetas; Ele não
olhou a maneira como eu estava: sujo e maltrapilho, meu corpo e fisionomia
refletia fielmente o resultado das minhas péssimas escolhas.
Ao contrário das minhas
expectativas, meu Pai me amou e ama até hoje; fui readmitido novamente e, com
orgulho, o meu Pai me chamava de filho. A alegria foi tão grande que Ele
evidenciou a sua satisfação em me receber novamente promovendo uma inesquecível
festa para comemorar o meu retorno, e ainda, não exigiu de mim quaisquer explicações.
Pude aprender então, que o
mundo não pode oferecer amor e o conforto emocional que tanto necessitamos;
nada se compara com a alegria que tenho e posso desfrutar na presença do meu
Pai, mesmo em momentos de crises e desventuras.
Voltei permanentemente para
casa, e aconchego-me todos os dias da minha vida no amor do Meu Pai.
Sim, voltei! Para o meu lar
Paternal.
Se, assim como no passado cometi
este terrível desatino, você também ambiciona conhecer o mundo e “curtir” a
vida se ausentando da presença de Deus, saiba: O mundo, que é este sistema
organizado contra os valores do Pai, não é o teu lugar!
Ou quem sabe a minha
história passada se pareça com a sua atual, e você cometeu os mesmos erros ou
ainda piores e, está com vergonha e sem forças, receoso, pensando que não pode ser
perdoado e aceito por Deus, se achando um ser humano irrecuperável, saiba: A
bondade de Deus não tem limites e o amor dele por você é incondicional; Ele
está de braços abertos aguardando a sua volta.
Portanto, ó filho pródigo e
perdido, ó amado irmão, voltai para Deus, vai depressa!
Volta para o seu lar, o lar
Paternal!
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