terça-feira, 4 de março de 2014

Sobre a ceia do Senhor


Por Douglas Pereira da Silva

Creio que todos nós cristãos, sabemos o significado da ceia do Senhor e seu valor. Todavia, ainda vejo resquícios da doutrina católica apostólica romana em nossa denominação, nos lábios de alguns ministros e desavisados, que, pela negligência em não examinar as Escrituras e manejar bem a Palavra da verdade (II Timóteo 2.15), ensinam doutrinas e costumes humanos que nada têm haver com o cristianismo Bíblico e com o ritual da Ceia do Senhor.

Meu objetivo com este post, é de esclarecer um entendimentos errado, que geralmente se ouve em nosso meio.

Afinal, quantos de nós já ouvimos o ministro dizer no culto de Ceia, a seguinte frase:

"Quando oramos, o pão passa a ser o corpo do Senhor, e o vinho passa a ser o sangue Dele"


Caso você, caro leitor, nunca ouviu tal ensinamento antes da distribuição dos elementos - o pão e o vinho - será motivo para este simplório autor, acreditar, que a sua congregação segue a correta recomendação Bíblica.

Infelizmente, quase que todos os anos, ouço esta heresia antes da distribuição dos elementos em minha comum congregação!

Vamos analisar exegeticamente o texto Bíblico, que, infelizmente, foi compreendido e interpretado de forma completamente errado, e que gerou para a nossa infelicidade este estranho ensinamento:

"Jesus, pois, lhes disse: Na verdade, na verdade vos digo que, se não comerdes a carne do Filho do homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis vida em vós mesmos. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. Porque a minha carne verdadeiramente é comida, e o meu sangue verdadeiramente é bebida. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele". (João 6.53-56)

Estes versos do evangelho de João é muito usado para defender a doutrina romana da "transubstanciação", isto é, estes desavisados acreditam que os elementos da ceia - o pão e o vinho - se transformam literalmente no corpo e no sangue do Senhor, de acordo com a primeira frase de nossa discussão.

Obviamente, a técnica correta de interpretação das Escrituras é o método Literal-Histórico-Gramatical.

Todavia, o sentido literal não implica que tudo deva ser tomado literalmente. Por exemplo, o sentido literal da afirmativa de Jesus "Eu sou a videira verdadeira" (João 15.1) é que ele é a real fonte da nossa vida espiritual. Mas não quer dizer que Jesus seja literalmente uma videira com folhas crescendo de seus braços e de suas orelhas! Um significado literal pode ser transmitido por meio de figuras de linguagem. Cristo é o real fundamento da Igreja (I Coríntios 3.11; Efésios 2.20), mas Ele não é literalmente uma pedra angular de granito, com inscrições gravadas.

Há muitas indicações em João 6 de que Jesus, literalmente, queria dizer que a sua ordem para comer a sua carne deveria ser considerada de uma maneira figurada. Vejamos:

a) Jesus afirmou que a sua declaração não deveria ser tomada com um sentido materialista, quando ele disse: "as palavras que eu vos tenho dito são espírito e são vida" (João 6.63);

b) Seria um absurdo e um canibalismo considerá-la com um sentido físico;

c) Ele não estava falando da vida física, mas da "vida eterna" (João 6.54);

d) Jesus chamou a si mesmo de "o pão da vida" (João 6.48) e contrastou esse pão com o pão físico (o maná) que no passado os judeus comeram no deserto (João 6.58);

e) Ele usou a figura do "comer" a sua carne paralelamente à ideia de "permanecer" nele (João 15.4-5), que representa outra figura de linguagem. Nenhuma dessas figuras é para ser entendida "literalmente";

f) Se comer a sua carne e beber o seu sangue fosse tomado literalmente, isso iria contradizer outros mandamentos das Escrituras, que ensinam a não comer carne humana nem sangue (Atos 15.20).

Portanto, concluo em vista desta analise teológica, que o conceito católico romano de "transubstanciação" é uma heresia, que, infelizmente, adentrou em nossa Igreja e precisa ser extirpada de nosso meio!

Jamais comemos o real corpo e o sangue do Senhor Jesus, na comunhão da Ceia do Senhor.

7 comentários:

  1. Mais uma vez, muito bom o artigo!
    Bem explicativo!
    Deus o abençoe!

    Agora, tenho uma dúvida, que talvez alguém que leia o blog ou até mesmo nosso irmão, autor possa responder.

    Sempre, quando chega a época da Santa Ceia aqui na minha cidade, em quase 100% dos cultos vem conselhos para fazermos reconciliações, pedir perdão pra quem ofendemos, e etc.
    Mas, minha dúvida é: "Porque essa intensificação neste conselho?" acho que devemos SEMPRE estar em paz com qualquer um!
    E a justificativa que os irmãos dão é que "Não podemos nos assentar à mesa do Senhor não estando em total paz com Ele, e com os demais irmãos. Pois a Santa Ceia é para salvação eterna, se estivermos em paz, ou para a condenação eterna, se não estivermos!"
    Quer dizer então que se eu tomar a Santa Ceia "de mau" com alguém, eu já estou condenado?
    Se for assim, eu posso dizer que conheço uma boa leva de irmãos(ãs) que não podem ser salvos por conta disso.
    É realmente este o ponto? ou falta algo que talvez eu não ouvi, ou não falaram?

    Um grande abraço.
    Fiquem na Santa Paz de Deus!
    Renée.

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    1. Renée,

      Mesmo tua pergunta ter sido direcionada ao Douglas, permita-me dar um pitaco:

      Teu pensamento tá certo. Nós devemos andar sempre em paz com todos. Procurando amar a todos.
      Daí a Santa Ceia deveria ser apenas um momento de alegria, aonde compartilhamos o pão e o vinho na alegria da união entre nós e Cristo.

      Mas nós invertemos o significado da Santa Ceia. E não só nós, o evangelicalismo todo distorceu.

      Entre nós na CCB, lembramos tanto da morte de Cristo, que esquecemos que Ele ressucitou. Por conseguinte mais nos entristecemos do que nos alegramos.
      Pode ver a cara da irmandade quando sai da Santa Ceia. Parece que saiu de um funeral...

      Daí vem esta distorção do "tomar a ceia para própria condenação". Pô, isto se relaciona com Judas Iscariotes, que tinha morte e traição dentro do coração. Ele não estava "de mau". Seu sentimento era terrível. Envolvia traição e morte!

      Enfim... junta-se isto tudo com alguns que fazem questão de comprar roupa nova, sapato novo pra Santa Ceia. Outros que ficam preocupados com o formato do pão, ingredientes usados, tipo de vinho, etc. acabamos por perder totalmente o significado da Santa Ceia.

      Santa Ceia é sim lembrarmos do sacrifício do Senhor, porém celebrar que Ele vive e intercede por nós junto a Deus Pai!

      Deveríamos nos alegrar mutuamente. Cristo nos deixou irmãos para nos ajudar na caminhada! Olha que maravilha!

      Enfim, deveria ser um momento de grande alegria. Porém olhando na cara da irmandade ao sair de uma Santa Ceia, a grande maioria parece estar saindo de um velório, tamanha tristeza...

      Uma pena...

      Abraço!

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    2. Irmão HP, Deus o abençoe pela resposta!
      Como você disse, realmente, a cara da irmandade ao sair da mesa é semelhante a de um velório, na verdade, nas duas vezes em que participei, tinha irmãos e irmãs CHORANDO como num velório. E para ser sincero, até eu ficava meio triste nas ocasiões!

      Mas pra mim, o mais triste é ver toda esta destorção da Palavra, não só neste ponto mas em alguns outros também...

      Um abraço, e mais uma vez, agradeço por me responder!

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    3. Oi Rene,

      É exatamente como o HP respondeu!

      Creio que você tinha em mente, a história de participar da ceia "INDIGNAMENTE" conforme Paulo fala aos corintios; estou certo?!

      Vou preparar um post sobre isso, para trocarmos ideias à respeito. AGUARDE! [risos]

      Um grande abraço Rene, com a paz de Deus!

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    4. Douglas,

      Acertou NA MOSCA!
      Aguardo o post ansioso!

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  2. Paz de Deus esteja com todos!
    Ontem foi a Santa Ceia na minha comum congregação, e durante a "cerimonia" me veio a duvida se existe alguma passagem na bíblia que "regulamentarize" este evento, tipo, isto pode fazer, mas aquilo não! Isto faz-se assim e não daquela forma.

    Deus NOS abençoe.

    E parabéns pelo blog que está OTIMO!!

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    1. Amém querido Anonimo,

      Tributo toda glória a Deus, o Senhor que fez o céu e a terra!

      Obrigado pela palavra de incentivo e comentário

      Um grande abraço, com a paz de Deus!

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