quinta-feira, 20 de março de 2014

A graça nos ensinos de Jesus


Por Mateus de Souza

Uma vez vi uma pessoa dizer que a salvação pela Graça apenas foi pregada por Paulo. Tal pessoa dizia que Jesus pregava a Lei, como era pregada nas Escrituras Hebraicas. E citou a passagem do Mancebo Rico para corroborar seu argumento. Utilizou apenas dos primeiros versículos para essa defesa.
"E eis que, aproximando-se dele um jovem, disse-lhe: Bom Mestre, que bem farei para conseguir a vida eterna?E ele disse-lhe: Por que me chamas bom? Não há bom senão um só, que é Deus. Se queres, porém, entrar na vida, guarda os mandamentos.Disse-lhe ele: Quais? E Jesus disse: Não matarás, não cometerás adultério, não furtarás, não dirás falso testemunho;Honra teu pai e tua mãe, e amarás o teu próximo como a ti mesmo."Mateus 19:16-19"Disse-lhe o jovem: Tudo isso tenho guardado desde a minha mocidade; que me falta ainda?Disse-lhe Jesus: Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, e segue-me.E o jovem, ouvindo esta palavra, retirou-se triste, porque possuía muitas propriedades.Disse então Jesus aos seus discípulos: Em verdade vos digo que é difícil entrar um rico no reino dos céus.E, outra vez vos digo que é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no reino de Deus."Mateus 19:20-24"Os seus discípulos, ouvindo isto, admiraram-se muito, dizendo: Quem poderá pois salvar-se?E Jesus, olhando para eles, disse-lhes: Aos homens é isso impossível, mas a Deus tudo é possível."Mateus 19:25-26


No primeiro instante parece que Jesus defendeu a ideia de salvação pela guarda dos mandamentos da Lei. Todavia, isto pode ser refutado, se analisarmos a passagem até o final da mesma.
A continuação:
Percebemos agora que o jovem dizia guardar os mandamentos, mas na verdade não os guardava, pois era avarento. Seu dinheiro era um "deus" pra ele, e assim desobedecia ao mandamento: "Não terás outros deuses diante de mim".
Até agora vimos que, no primeiro instante, Jesus disse que para ele entrar na Vida, deveria guardar os mandamentos. Vimos também que ele disse guardar, mas na verdade não os guardava.
Vamos para a terceira parte agora, que é a final, e veremos o desfecho.
Perguntaram ao Senhor quem poderia então se salvar. Por que ele não respondeu: "Aqueles que guardarem os mandamentos"? Porque o ser humano é incapaz de guardar todos os mandamentos e de ser salvo por eles. Após isso Jesus solta a máxima: "Aos homens isso é impossível", apenas confirmando a incapacidade humana. E depois diz: "Mas a Deus tudo é possível". Ou seja, para o ser humano salvar-se, Deus precisaria fazer alguma coisa, porque se dependesse do ser humano, nada seria feito. E Deus fez: deu seu Filho e Seu Sangue precioso para a remissão dos pecados de muitos.
Logo, concluímos que Jesus apenas disse no inicio que se deveria guardar os mandamentos para entrar na Vida para mostrar àquelas pessoas que isso é impossível. Após isso, mostrou-lhes a Graça, ao dizer que, embora seja impossível aos homens, mas para Deus é possível, e que Ele faria algo.
"Porque isto é o meu sangue, o sangue do novo testamento, que é derramado por muitos, para REMISSÃO dos pecados." - Mateus 26:28

Sobre o Autor: Mateus de Souza é cristão bereiano, calvinista por convicção, professor de música, violinista, membro da CCB, aluno do curso superior de Ciências Contábeis, autodidata em teologia e colaborador adjunto do blog Teologando.

quinta-feira, 13 de março de 2014

Crente pode ouvir música do mundo?




Por André R. Fonseca

A pergunta é boa... crente pode ouvir música do mundo? Melhor ainda seria perguntar se crente pode vestir roupa do mundo, comer comida do mundo, ver televisão do mundo, filme do mundo etc.

Não sei por que a música foi tão estigmatizada nos círculos evangélicos. Talvez seja pela crendice de que Lúcifer era o regente do grande coral celestial... sei lá.

O fato é que, na maioria das vezes, o crente que ojeriza a música dita do mundo não vê problemas em assistir ao filme Homem de Ferro 3 no cinema; acompanhar aquela novela da Globo; comer angu à mineira, mesmo que ele também seja servido em despachos; ou, ainda, comprar roupa na C&A, que nada tem de teor cristão em sua declaração de missão empresarial.

Mas antes de prosseguir com este assunto, deixe-me apresentar o motivo de escrever sobre a música secular e os cristãos.

Segue, abaixo, o e-mail enviado há uma semana:

A Paz meu irmão.Fui inquirido por adolescente da minha igreja: "é pecado cantar música mundana?"Tudo que me foi ensinado diz que sim. Diz que se não for pecado é pelo menos errado!!!O que aprendi está correto???Obrigado por sua atenção e aguardo retorno.Guilherme CominiBelo Horizonte/MG

Para responder o contato do irmão Guilherme, preciso primeiramente fazer três comentários como introdução.

1 - É mais difícil responder diretamente uma questão da qual não tenho as proposições para argumentar, seja favoravelmente ou não. O que desejo que você entenda no momento é que ainda que tivéssemos a mesma opinião, poderíamos ter motivos diferentes para chegar à mesma conclusão. Contudo, eu poderia estar embasado na experiência pessoal, e o irmão poderia estar convencido biblicamente. Nesse caso, minha argumentação poderia ser facilmente questionada, porque está fundamentada naquilo que é subjetivo; enquanto a sua seria mais sólida e difícil de “atacar”. Porque não conheço os seus motivos para considerar errado ouvir música do mundo, minha resposta não visa questionar os seus argumentos. Nem conheço quais são os seus argumentos! Você apenas disse que foi ensinado que é errado e concorda com o que foi ensinado.

- Meu artigo é uma resposta para a pergunta: é errado o crente ouvir ou cantar música do mundo? E o que segue é minha opinião quanto a isso. Não se trata de uma resposta para minar as suas convicções com base nos seus argumentos, dogmas etc. Isso tudo tem a ver com a parte de conclusão do meu texto, e você entenderá perfeitamente o que estou falando. Vou repetir! Essa é minha opinião. E o que é bom pra mim, pode não ser bom pra você!

3 - Ainda que seja apenas minha opinião sobre o assunto, gostaria de enfatizar que é a opinião de quem já teve a música como profissão. Pianista profissional registrado na Ordem dos Músicos do Brasil e estudante de regência na Escola de Música Villa-Lobos com o maestro Alceo Bochino. Atuei na música secular como músico profissional e na igreja com regência coral, orquestra, pianista e líder de grupos de louvor. É, portanto a opinião de quem passou, no mínimo, algum tempo refletindo sobre a questão com algum comprometimento pessoal. Acho que isso faz diferença, uma vez que não será uma opinião descontextualizada.

Agora podemos partir para a argumentação da minha opinião. Acredito que preciso antes trabalhar o conceito de “música do mundo”. O que seria “música do mundo” ou a música secular em contraste com a música evangélica/gospel? A definição mais básica dessa diferença seria a motivação ou endereçamento da composição. A música evangélica/gospel tem sua composição motivada pela experiência religiosa do compositor e a música é dedicada a Deus, aborda uma temática relacionada a Deus. A música secular, ou “música do mundo” como geralmente é tratada no círculo cristão, é aquela música que não tem a motivação ou endereçamento religioso; embora algumas músicas seculares tenham uma temática religiosa. Nesse caso, acredito que a música secular com temática religiosa não deixa de ser considerada “música do mundo” porque ela não tem status litúrgico. E, para a comunidade cristã, não basta que a música tenha a temática religiosa, ou que a composição seja dedicada a Deus, a vida do intérprete deve também ser uma vida dedicada a Deus. A música e seu intérprete precisam ser “santos”, dedicados a Deus. Por isso não encontramos o intérprete cristão cantando “Jesus Cristo” de Roberto Carlos no culto, e também não encontramos Roberto Carlos sendo convidado para cantar como participação especial no Diante do Trono – ainda que ele seja o rei...

A música do mundo poderia ser dividida em duas grandes categorias: a música instrumental e a música com letra. Se o crente tem medo da música do mundo pela influência que ela pode ter sobre o ouvinte, a música instrumental é a menos “perigosa”. Apreciar a música instrumental é como apreciar qualquer outra arte, como as artes plásticas, por exemplo. Como a música é instrumental, seu valor é muito mais artístico, estético etc. É claro que a música instrumental tem uma história para contar, tem algum significado, havia alguma intenção na cabeça do seu compositor como motivação de composição da obra instrumental; mas a comunicação dessa mensagem é, de longe, inferior quando comparado com a música com letra. A música com letra tem uma mensagem muito mais explícita e completa.

Quando precisamos tratar da música com letra, portanto, devemos analisar a letra da música. Qual é a mensagem que o autor desejou transmitir com suas palavras? Acredito que aqui esteja a nossa maior preocupação. Se a música do mundo não é rejeitada pela comunidade cristã por causa da mensagem, então seria o quê? Se é simplesmente pela origem da música, então precisamos questionar o uso de nossas roupas, a comida que compramos etc. Seria um pouco de hipocrisia demonizar a música com base apenas em sua origem e não fazer o mesmo com todo o resto que cerca nossas vidas!

Não concordo, portanto, com o argumento que o crente não deve ouvir música do mundo por causa de sua origem: o mundo. O que mais não é do mundo? Será que seria só a música? Estou escrevendo este texto num netbook da HP com sistema operacional Linux. Tanto o hardware como o software têm origem “mundana”. Será que meu texto de resposta para você será descartado por causa da origem dos recursos utilizados para compor o texto?

É essa hipocrisia ou “ingenuidade” que os crentes querem viver que me revolta. Há falta de coerência no discurso e na conduta que professam ter. Com isso, acabam fazendo papelão.


– Não assista novela da Globo!
– Por quê?

– Porque tem adultério e traição.
– E na Bíblia não tem?
– Meus filhos não podem ler este livro porque ele tem histórias de guerra e violência.
– Eles só leem a Bíblia?
– Sim.
– E na Bíblia não tem histórias de guerra e violência?


Não estou dizendo que não existe uma diferença entre a guerra, a violência, a traição e o adultério entre a literatura secular e a Bíblia. E, sim, quero dizer que precisamos melhorar nossos argumentos para não parecermos idiotas quando tratamos desse assunto com os que não são crentes.

Portanto, a única explicação que acredito ser adequada para o porquê do crente ser “proibido” de ouvir música do mundo seria pela mensagem contida na letra da música. E aqui temos razões suficientes para dizer: prefiro não ouvir essa música.

Dizer que a música tem uma letra com uma mensagem conflitante com o meu credo e por isso “prefiro não ouvir” traz à nossa memória a Igreja em Corinto. Aquela Igreja vivia um drama parecido. Vamos ler primeiramente o texto.

“Agora vou tratar do problema dos alimentos oferecidos aos ídolos. Na verdade, como se diz, “todos nós temos conhecimento.” Porém esse tipo de conhecimento enche a pessoa de orgulho; mas o amor nos faz progredir na fé. A pessoa que pensa que sabe alguma coisa ainda não tem a sabedoria que precisa. Mas quem ama a Deus é conhecido por ele. Quanto a comer alimentos que tenham sido oferecidos aos ídolos, nós sabemos que um ídolo representa alguma coisa que realmente não existe. E sabemos que existe somente um Deus. Pois existem os que são chamados de “deuses”, tanto no céu como na terra, como também existem muitos “deuses” e muitos “senhores”. Porém para nós existe somente um Deus, o Pai e Criador de todas as coisas, para quem nós vivemos. E existe somente um Senhor, que é Jesus Cristo, por meio de quem todas as coisas foram criadas e por meio de quem nós existimos. Mas nem todos conhecem essa verdade. Existem pessoas tão acostumadas com os ídolos, que até agora comem desses alimentos, pensando que eles pertencem aos ídolos. A consciência dessas pessoas é fraca, e por isso elas se sentem impuras quando comem desses alimentos. Não é esta ou aquela comida que vai fazer com que Deus nos aceite. Nós não perderemos nada se não comermos e não ganharemos nada se comermos desse alimento. Mas tenham cuidado para que essa liberdade de vocês não faça com que os fracos na fé caiam em pecado. Porque, se uma pessoa que tem a consciência fraca neste assunto vir você, que tem “conhecimento”, comendo alimentos no templo de um ídolo, será que essa pessoa não vai querer também comer alimentos oferecidos aos ídolos? Assim este cristão fraco, este seu irmão por quem Cristo morreu, vai se perder por causa do “conhecimento” que você tem. Desse modo, pecando contra o seu irmão e ferindo a consciência dele, você estará pecando contra Cristo. Portanto, se o alimento faz com que o meu irmão peque, nunca mais vou comer carne a fim de que eu não seja a causa do pecado dele.” I Coríntios 8:1-13

Havia na cidade de Corinto muitos templos pagãos. Carne era oferecida como oferta a esses deuses nos templos, e a sobra era vendida pelos sacerdotes no mercado de carnes por um preço mais barato. Os membros mais pobres daquela comunidade cristã só podiam comprar a carne com o preço mais acessível, mas a possibilidade de estar comprando da carne que fora oferecida aos ídolos era grande. O que fazer? O conselho de Paulo foi: vai no açougue, compre a carne e não pergunte nada por questão de consciência. Se um amigo oferecer um banquete e não disser a procedência da carne, coma à vontade. A verdade é que nada há na carne que seja “demoníaca” até mesmo porque sabemos que ídolos não são nada, e foi Deus quem criou todas as coisas. Não se ganha ou se perde nada comendo ou não comendo dessa carne. Mas, por uma questão de consciência, para não ferir a consciência do irmão fraco, não coma da carne oferecida a ídolos.

Mais adiante no texto da carta aos coríntios, quando volta a falar do mesmo assunto, Paulo acrescenta: “Alguns dizem assim: “Podemos fazer tudo o que queremos.” Sim, mas nem tudo é bom. “Podemos fazer tudo o que queremos”, mas nem tudo é útil.” 1 Coríntios 10:23

Esse sempre foi o meu texto norteador nesta questão. Foi assim que ensinei minha filha a julgar o que ela deveria ou não ouvir. Ela, às vezes, me pergunta se pode ou não ouvir esse ou aquele cantor, ou essa e aquela música. Minha resposta é: julgue se o que você está ouvindo é útil. Você pode ouvir de tudo, mas nem tudo convém!

Guilherme, há músicas do mundo que têm valor histórico e moral, veja a importância e como você pode exercitar sua cidadania refletindo sobre as músicas escritas durante a ditadura. Faz parte de nossa história! Posso citar Chico Buarque, Caetano Veloso, Geraldo Vandré e muitos outros. Há músicas que louvam o valor da boa amizade, ou do amor do filho pelo pai. Podemos ouvir de tudo, mas nem tudo convém. Lembra? Se a música é um louvor ao amor de um homem por uma mulher, à fidelidade e ao companheirismo, ótimo! Por que não ouvir? Não foi esse o desejo de Deus ao criar a mulher para o homem? Contudo, se a música é um louvor ao amor de um casal em adultério, prefiro não ouvir.

Jesus disse que o que faz mal não é o que entra, mas o que sai da boca. A boca fala do que o coração está cheio. A coisa toda tem muito mais a ver com que está dentro de nós do que aquilo que está fora, no mundo. Pois onde estiverem as nossas riquezas, aí estará o nosso coração. Se eu valorizo uma música que louva o adultério, alguma coisa está errada com meu coração, com a minha conversão. Se valorizo uma canção que louva o valor de uma amizade, esse olhar de valor que tenho sobre a canção é dirigido por um coração segundo Deus. Se não fosse assim, não poderíamos julgar os valores morais presentes no mundo, o que me faz lembrar da abertura de Paulo em sua carta aos Romanos: "Os gentios cumprem a lei de Deus gravada em seus corações" Romanos 2:15. Tudo aquilo que Deus criou e chamou de bom não está somente dentro das igrejas e na mão dos crentes para fazer. A graça comum de Deus estende-se sobre toda a criação! O que podemos encontrar de belo no mundo está lá, presente e pulsante, por Sua graça e para Seu louvor! 

Por isso ouso dizer: nem toda música do mundo é demoníaca, e nem toda música gospel é santa. Se o problema da música do mundo está na mensagem que sua letra traz, digo que há muitas músicas gospel com letras que fazem muito mais mal ao crente do que muitas músicas do mundo. Há muita música gospel com letra que traz uma mensagem altamente destrutiva para a verdadeira fé. São músicas com mensagens antropocêntricas que desvalorizam Deus e supervalorizam o homem, fazendo Deus de servo e o servo de senhor. Músicas cantadas todas as noites nas igrejas que negam a trindade, ou incentivam as pessoas a amarem a Deus para barganhar por bençãos.

Guilherme, não encontro uma assertiva bíblica, clara e inquestionável, de que o crente esteja proibido ou deveria ser proibido de ouvir música do mundo. Mas, já deixei claro que, apesar de poder ouvir de tudo, nem tudo convém. Isso deveria incluir também o repertório gospel. Tem música gospel que prefiro não ouvir porque é contra minha fé! Você também deve fazer esse tipo de seleção no seu repertório gospel, ou será que você canta tudo que rola nas rádios?

Ainda dentro do discurso de Paulo aos coríntios sobre carne sacrificada a ídolos, ele diz que nossa liberdade não pode ser usada para ferir a consciência de outros irmãos que acreditam ser errado comer daquela carne. Ou seja, se minha comunidade cristã acredita que é errado ouvir música do mundo, não ouvirei de forma que provoque ou “teste” a fé deles. Não posso ser motivo de escândalo para eles.

Quem acha que pode ouvir uma música ou outra não pode fazer de forma a agredir a fé do irmão, e quem acha que deve excluir essas músicas de seu repertório para o benefício de sua consagração não deveria criticar aquele que ouve por diversão.

O que pode ser bom para mim, pode não ser bom para outras pessoas. Ainda que eu possa curtir algumas músicas do mundo dentro daquele padrão mencionado anteriormente, músicas que não ferem necessariamente a minha fé e meus valores cristãos; algumas pessoas, no entanto, não podem ouvir nem essas músicas porque elas se tornarão um passo para o desvio. São como alcoólatras que não podem nem comer um bombom de licor para não serem tentados a voltar ao alcoolismo. Se há uma ligação forte demais da pessoa com a música do mundo e as velhas práticas de sua antiga natureza, então é melhor que essa pessoa não escute música nenhuma do mundo. Isso me faz lembrar daquela personagem da Paula Burlamaqui na novela Avenida Brasil da Globo. Crentona, cheia daquelas idiossincrasias, mas não podia ouvir uma determinada música que ela logo perdia a linha. Se esse é o caso, o crente que tem a música do mundo como um ponto fraco, não deveria ouvir música alguma. Mas essa é uma escolha pessoal, faz parte de sua consagração pessoal e não deveria ser imposta a outras pessoas como uma regra bíblica, porque ela não é bíblica! Tem crente que nem precisa de Playboy para pecar, basta uma revista da Avon ou Demillus... 

Entende que o problema nem sempre está na coisa, mas na concupiscência de cada coração? Mais uma vez posso aplicar um conselho de Paulo: “Quem dá mais valor a certo dia faz isso para honrar o Senhor. E também quem come de tudo faz isso para honrar o Senhor, pois agradece a Deus o alimento. E quem evita comer certas coisas faz isso para honrar o Senhor e dá graças a Deus”Romanos 14:6. Se essa pessoa evita ouvir essas músicas, ainda que elas não tenham nada demais, faz pelo Senhor. E isso é bom!

Há, também, aqueles que fazem do cantor um ídolo. E nesse caso pode não ser apenas o cantor do mundo, mas o cantor gospel também. Falem mal da minha mãe, mas não falem da Ana Paula Valadão! Escola Bíblica Dominical está vazia enquanto o show do Fernandinho está lotadíssimo. Na minha opinião, essa proibição da igreja, dizendo que crente não pode ouvir música do mundo, é uma tentativa fraca de evitar que os crentes se envolvam com a adoração desses ídolos do mundo musical. Mas, idólatra é o coração humano sem Cristo! Na falta de ídolos do mundo, porque somos proibidos do acesso a eles, criamos nossos próprios ídolos na igreja. E como tem coração sem Cristo dentro de nossas igrejas...

Vou parafrasear Paulo como resumo da minha opinião: posso ouvir todo tipo de música, mas nem toda música é útil. Examino todas as músicas e fico só com o que é bom. Mas se o irmão prefere não ouvir das músicas do mundo porque faz parte de sua consagração pessoal e o irmão faz isso pelo Senhor, não posso criticá-lo! Louvado seja o Senhor! 1 Coríntios 10:23, 1 Tessalonicenses 5:21 e Romanos 14:6.

terça-feira, 4 de março de 2014

O que é cair da graça?




Por Douglas Pereira da  Silva

Um dos conceitos mais aberrantes - dentre outros - na cultura oral dos ensinamentos extrabíblicos existentes na denominação deste humilde autor, é o chamado cair da graça.

Argumentam os imprudentes e levianos defensores deste ensinamento que, cair da graça, é o ato de cometer o "pecado de morte" - pecado este que não existe, conforme provamos nas Escrituras Sagradas, aqui, com o artigo "Afinal, o que é pecado de morte?".

Acredito que esta heresia, mais uma vez, é fruto da irresponsabilidade e negligencia dos ministros que pregam esta aberração, em função de não examinar as Escrituras (Mateus 22.29) implicando assim, no défice em manejar bem a palavra da verdade (II Timóteo 2.15).

O que é cair da graça afinal? Bem, para respondermos a pergunta, vamos analisar o texto Bíblico, o qual deve ser o mesmo, que foi indevidamente aplicado a este desvario.

"Porque é impossível que os que já uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se fizeram participantes do Espírito Santo, E provaram a boa palavra de Deus, e as virtudes do século futuro, E caíram, sejam outra vez renovados para arrependimento; pois assim, quanto a eles, de novo crucificam o Filho de Deus, e o expõem ao vitupério". (Hebreus 6:4-6)

Para entender o significado desta advertência tão severa, será necessário compreendermos o contexto pelo qual foi escrito a carta aos Hebreus.

A epístola aos Hebreus, foi escrita a fim de provar aos cristãos judeus, isto é, àqueles que haviam abandonado a religião e os ritos do judaísmo, para se converterem a fé cristã, que Jesus era maior do que tudo o que antes viera; sendo as coisas anteriores apenas “sombra” - ou arquétipos - dos bens que haveriam de se materializarem em Cristo (Hebreus 10.1-3). Tudo o que ficara para trás não deveria ser “retomado” sob pena de que o sacrifício de Jesus tivesse sido em vão, pisando assim, no sangue de Jesus.

A advertência de Hebreus 6.4-6, foi direcionada aos cristãos - judeus que estavam desistindo da fé na Graça do Senhor Jesus,  e retornando aos ritos, práticas, crenças e legalismos do judaísmo.

Portanto, este cair não é sinônimo de uma falta grave ou pecado moral. Pois, se assim fosse, todos nós estaríamos perdidos (Romanos 3.23). 

O cair aqui não pode em hipótese alguma, significar pecado moral ou alguma falta grave, pois se não, as Escrituras estaria contradizendo muitos pontos; vejamos alguns:

"Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós". (I João 1.8)

"Se dissermos que não pecamos, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós". (I João 1.10)

"Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça". (I João 1.9) 

"Porque sete vezes cairá o justo, e se levantará; mas os ímpios tropeçarão no mal". (Provérbios 24.16)

"Os passos de um homem bom são confirmados pelo Senhor, e deleita-se no seu caminho. Ainda que caia, não ficará prostrado, pois o Senhor o sustém com a sua mão". (Salmos 37.23-24)

"E se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face e se converter dos seus maus caminhos, então eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra". (II Crônicas 7.14)

Creio que os versos mencionados, sejam o suficiente para demonstrar que o significado de cair na epístola aos Hebreus não é o mesmo que pecar!

O significado de cair aqui, é o mesmo cair dos cristãos da Galácia:

"Separados estais de Cristo, vós os que vos justificais pela lei; da graça tendes caído". (Gálatas 5.4)

O que se está falando neste texto de Hebreus é o pecado de apostasia! Os cristãos hebreus estavam abandonando a sua fé em Jesus Cristo, e voltando aos velhos ritos do judaísmo (sacrifícios, circuncisões, observâncias à lei de Moisés, etc.), ou seja, eles estavam voltando ao antigo sistema de culto, o mesmo sistema que havia assassinado o nosso Senhor Jesus Cristo. Os hebreus estavam rejeitando o único sacrifício capaz de purificar dos pecados, pelos sacrifícios de animais! A epístola aos Hebreus adverte que: “não há outro sacrifício” (Hebreus 10.26), “a salvação é pela fé e não mais pelas obras da lei”, “Jesus é muito mais do que a arca da aliança”, “Jesus é muito mais que os sacerdotes do templo”...; de modo que voltando ao antigo sistema, eles estavam caindo da graça. Este era o perigo daquela época: trocar o sangue precioso e imaculado do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, pelo sangue de bodes e carneiros.

Pelo contexto apresentado nesta analise, está doutrina também se aplica para todos nós, muito embora não sejamos judeus; e sabe como? Quando por um mísero orgulho, presunção ou sentimento de “santidade”, tentamos alcançar a salvação por méritos próprios praticando boas obras, quando na verdade a salvação é dom gratuito de Deus mediante a fé no sacrifício da cruz, nunca é pelas boas obras (Efésios 2:8-9). A salvação é resultado da obra de Cristo, e não das boas obras do crente, isto é, o crente prática boas obras para demonstrar a sua salvação.

Este era o cair dos cristãos - judeus, era o de, justificar-se dos seus pecados mediante as obras da lei, com seus méritos próprios!

Portanto, Cair da Graça é: colocar liturgias, dogmas, preceitos ou conceitos eclesiásticos; doutrinas, tradições, costumes, e ou práticas da lei como fundamentais para a salvação; é prevaricar com a Graça.

Se assim não fora, não teria o apóstolo Paulo assim proferido:


“Separados estais de Cristo, vós os que vos justificais pela lei; da graça tendes caído.” (Gálatas 5.4)


Ora, daqui pra frente, sempre que alguém disser para você que um irmão "caiu" da graça, saiba o seguinte:

Cai quem deixa a fé e a consciência da Graça de Deus; não quem em fraqueza busca a misericórdia pedindo perdão pelos seus pecados.


Como assim, "Não toqueis no ungido do Senhor..."?!



Por Augustus Nicodemus Lopes

Há várias passagens na Bíblia onde aparecem expressões iguais ou semelhantes a estas do título desta postagem:

A ninguém permitiu que os oprimisse; antes, por amor deles, repreendeu a reis, dizendo: Não toqueis nos meus ungidos, nem maltrateis os meus profetas (1Cr 16:21-22; cf. Sl 105:15).

Todavia, a passagem mais conhecida é aquela em que Davi, sendo pressionado pelos seus homens para aproveitar a oportunidade de matar Saul na caverna, respondeu: "O Senhor me guarde de que eu faça tal coisa ao meu senhor, isto é, que eu estenda a mão contra ele [Saul], pois é o ungido do Senhor" (1Sm 24:6).

Noutra ocasião, Davi impediu com o mesmo argumento que Abisai, seu homem de confiança, matasse Saul, que dormia tranquilamente ao relento: "Não o mates, pois quem haverá que estenda a mão contra o ungido do Senhor e fique inocente?" (1Sm 26:9). Davi de tal forma respeitava Saul, como ungido do Senhor, que não perdoou o homem que o matou: “Como não temeste estender a mão para matares o ungido do Senhor?” (2Sm 1:14).

Esta relutância de Davi em matar Saul por ser ele o ungido do Senhor tem sido interpretado por muitos evangélicos como um princípio bíblico referente aos pastores e líderes a ser observado em nossos dias, nas igrejas cristãs. Para eles, uma vez que os pastores, bispos e apóstolos são os ungidos do Senhor, não se pode levantar a mão contra eles, isto é, não se pode acusa-los, contraditá-los, questioná-los, criticá-los e muito menos mover-se qualquer ação contrária a eles. A unção do Senhor funcionaria como uma espécie de proteção e imunidade dada por Deus aos seus ungidos. Ir contra eles seria ir contra o próprio Deus.

Mas, será que é isto mesmo que a Bíblia ensina?

A expressão “ungido do Senhor” usada na Bíblia em referência aos reis de Israel se deve ao fato de que os mesmos eram oficialmente escolhidos e designados por Deus para ocupar o cargo mediante a unção feita por um juiz ou profeta. Na ocasião, era derramado óleo sobre sua cabeça para separá-lo para o cargo. Foi o que Samuel fez com Saul (1Sam 10:1) e depois com Davi (1Sam 16:13).

A razão pela qual Davi não queria matar Saul era porque reconhecia que ele, mesmo de forma indigna, ocupava um cargo designado por Deus. Davi não queria ser culpado de matar aquele que havia recebido a unção real.

Mas, o que não se pode ignorar é que este respeito pela vida do rei não impediu Davi de confrontar Saul e acusá-lo de injustiça e perversidade em persegui-lo sem causa (1Sam 24:15). Davi não iria matá-lo, mas invocou a Deus como juiz contra Saul, diante de todo o exército de Israel, e pediu abertamente a Deus que castigasse Saul, vingando a ele, Davi (1Sam 24:12). Davi também dizia a seus aliados que a hora de Saul estava por chegar, quando o próprio Deus haveria de matá-lo por seus pecados (1Sam 26:9-10).

O Salmo 18 é atribuído a Davi, que o teria composto “no dia em que o Senhor o livrou de todos os seus inimigos e das mãos de Saul”. Não podemos ter plena certeza da veracidade deste cabeçalho, mas existe a grande possibilidade de que reflita o exato momento histórico em que foi composto. Sendo assim, o que vemos é Davi compondo um salmo de gratidão a Deus por tê-lo livrado do “homem violento” (Sl 18:48), por ter tomado vingança dos que o perseguiam (Sl 18:47).

Em resumo, Davi não queria ser aquele que haveria de matar o ímpio rei Saul pelo fato do mesmo ter sido ungido com óleo pelo profeta Samuel para ser rei de Israel. Isto, todavia, não impediu Davi de enfrentá-lo, confrontá-lo, invocar o juízo e a vingança de Deus contra ele, e entregá-lo nas mãos do Senhor para que ao seu tempo o castigasse devidamente por seus pecados.

O que não entendo é como, então, alguém pode tomar a história de Davi se recusando a matar Saul, por ser o ungido do Senhor, como base para este estranho conceito de que não se pode questionar, confrontar, contraditar, discordar e mesmo enfrentar com firmeza pessoas que ocupam posição de autoridade nas igrejas quando os mesmos se tornam repreensíveis na doutrina e na prática.

Não há dúvida que nossos líderes espirituais merecem todo nosso respeito e confiança, e que devemos acatar a autoridade deles – enquanto, é claro, eles estiverem submissos à Palavra de Deus, pregando a verdade e andando de maneira digna, honesta e verdadeira. 

Quando se tornam repreensíveis, devem ser corrigidos e admoestados. Paulo orienta Timóteo da seguinte maneira, no caso de presbíteros (bispos/pastores) que errarem:

"Não aceites denúncia contra presbítero, senão exclusivamente sob o depoimento de duas ou três testemunhas. Quanto aos que vivem no pecado, repreende-os na presença de todos, para que também os demais temam" (1Tm 5:19-20).

Os “que vivem no pecado”, pelo contexto, é uma referência aos presbíteros mencionados no versículo anterior. Os mesmos devem ser repreendidos publicamente.

Mas, o que impressiona mesmo é a seguinte constatação. Nunca os apóstolos de Jesus Cristo apelaram para a “imunidade da unção” quando foram acusados, perseguidos e vilipendiados pelos próprios crentes. O melhor exemplo é o do próprio apóstolo Paulo, ungido por Deus para ser apóstolo dos gentios. Quantos sofrimentos ele não passou às mãos dos crentes da igreja de Corinto, seus próprios filhos na fé! Reproduzo apenas uma passagem de sua primeira carta a eles, onde ele revela toda a ironia, veneno, maldade e sarcasmo com que os coríntios o tratavam:

"Já estais fartos, já estais ricos; chegastes a reinar sem nós; sim, tomara reinásseis para que também nós viéssemos a reinar convosco.
Porque a mim me parece que Deus nos pôs a nós, os apóstolos, em último lugar, como se fôssemos condenados à morte; porque nos tornamos espetáculo ao mundo, tanto a anjos, como a homens.
Nós somos loucos por causa de Cristo, e vós, sábios em Cristo; nós, fracos, e vós, fortes; vós, nobres, e nós, desprezíveis.
Até à presente hora, sofremos fome, e sede, e nudez; e somos esbofeteados, e não temos morada certa, e nos afadigamos, trabalhando com as nossas próprias mãos. Quando somos injuriados, bendizemos; quando perseguidos, suportamos; quando caluniados, procuramos conciliação; até agora, temos chegado a ser considerados lixo do mundo, escória de todos.
Não vos escrevo estas coisas para vos envergonhar; pelo contrário, para vos admoestar como a filhos meus amados. Porque, ainda que tivésseis milhares de preceptores em Cristo, não teríeis, contudo, muitos pais; pois eu, pelo evangelho, vos gerei em Cristo Jesus. Admoesto-vos, portanto, a que sejais meus imitadores" (1Cor 4:8-17).

Por que é que eu não encontro nesta queixa de Paulo a repreensão, “como vocês ousam se levantar contra o ungido do Senhor?” 

Homens de Deus, os verdadeiros ungidos por Ele para o trabalho pastoral, não respondem às discordâncias, críticas e questionamentos calando a boca das ovelhas com “não me toque que sou ungido do Senhor,” mas com trabalho, argumentos, verdade e sinceridade.

“Não toque no ungido do Senhor” é apelação de quem não tem nem argumento e nem exemplo para dar como resposta.


Sobre a ceia do Senhor


Por Douglas Pereira da Silva

Creio que todos nós cristãos, sabemos o significado da ceia do Senhor e seu valor. Todavia, ainda vejo resquícios da doutrina católica apostólica romana em nossa denominação, nos lábios de alguns ministros e desavisados, que, pela negligência em não examinar as Escrituras e manejar bem a Palavra da verdade (II Timóteo 2.15), ensinam doutrinas e costumes humanos que nada têm haver com o cristianismo Bíblico e com o ritual da Ceia do Senhor.

Meu objetivo com este post, é de esclarecer um entendimentos errado, que geralmente se ouve em nosso meio.

Afinal, quantos de nós já ouvimos o ministro dizer no culto de Ceia, a seguinte frase:

"Quando oramos, o pão passa a ser o corpo do Senhor, e o vinho passa a ser o sangue Dele"


Caso você, caro leitor, nunca ouviu tal ensinamento antes da distribuição dos elementos - o pão e o vinho - será motivo para este simplório autor, acreditar, que a sua congregação segue a correta recomendação Bíblica.

Infelizmente, quase que todos os anos, ouço esta heresia antes da distribuição dos elementos em minha comum congregação!

Vamos analisar exegeticamente o texto Bíblico, que, infelizmente, foi compreendido e interpretado de forma completamente errado, e que gerou para a nossa infelicidade este estranho ensinamento:

"Jesus, pois, lhes disse: Na verdade, na verdade vos digo que, se não comerdes a carne do Filho do homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis vida em vós mesmos. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. Porque a minha carne verdadeiramente é comida, e o meu sangue verdadeiramente é bebida. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele". (João 6.53-56)

Estes versos do evangelho de João é muito usado para defender a doutrina romana da "transubstanciação", isto é, estes desavisados acreditam que os elementos da ceia - o pão e o vinho - se transformam literalmente no corpo e no sangue do Senhor, de acordo com a primeira frase de nossa discussão.

Obviamente, a técnica correta de interpretação das Escrituras é o método Literal-Histórico-Gramatical.

Todavia, o sentido literal não implica que tudo deva ser tomado literalmente. Por exemplo, o sentido literal da afirmativa de Jesus "Eu sou a videira verdadeira" (João 15.1) é que ele é a real fonte da nossa vida espiritual. Mas não quer dizer que Jesus seja literalmente uma videira com folhas crescendo de seus braços e de suas orelhas! Um significado literal pode ser transmitido por meio de figuras de linguagem. Cristo é o real fundamento da Igreja (I Coríntios 3.11; Efésios 2.20), mas Ele não é literalmente uma pedra angular de granito, com inscrições gravadas.

Há muitas indicações em João 6 de que Jesus, literalmente, queria dizer que a sua ordem para comer a sua carne deveria ser considerada de uma maneira figurada. Vejamos:

a) Jesus afirmou que a sua declaração não deveria ser tomada com um sentido materialista, quando ele disse: "as palavras que eu vos tenho dito são espírito e são vida" (João 6.63);

b) Seria um absurdo e um canibalismo considerá-la com um sentido físico;

c) Ele não estava falando da vida física, mas da "vida eterna" (João 6.54);

d) Jesus chamou a si mesmo de "o pão da vida" (João 6.48) e contrastou esse pão com o pão físico (o maná) que no passado os judeus comeram no deserto (João 6.58);

e) Ele usou a figura do "comer" a sua carne paralelamente à ideia de "permanecer" nele (João 15.4-5), que representa outra figura de linguagem. Nenhuma dessas figuras é para ser entendida "literalmente";

f) Se comer a sua carne e beber o seu sangue fosse tomado literalmente, isso iria contradizer outros mandamentos das Escrituras, que ensinam a não comer carne humana nem sangue (Atos 15.20).

Portanto, concluo em vista desta analise teológica, que o conceito católico romano de "transubstanciação" é uma heresia, que, infelizmente, adentrou em nossa Igreja e precisa ser extirpada de nosso meio!

Jamais comemos o real corpo e o sangue do Senhor Jesus, na comunhão da Ceia do Senhor.

O crente pode ter o seu nome riscado do Livro da Vida?


Por Lazaro Justo Jacinto

Navegando nas águas turvas da imaturidade, principiei minha vida cristã numa denominação religiosa destituída da Verdade Neotestamentária. E, nesse nada saudoso recinto de ensinos heréticos, numa bela manhã de “escola bíblica dominical”, o “pastor” local, que, além de suas “atividades pastorais”, exercia também as de bancário e fazendeiro, do púlpito pregou, dizendo: “Toda pessoa que aceita a Cristo como Salvador tem o seu nome escrito no Livro da Vida. Acontece, porém, que Deus tem ao lado do Livro uma borracha. Toda vez que o crente peca Deus passa a borracha de leve sobre o seu nome, até que fique quase invisível. Se o crente persistir no pecado, Deus apaga de vez o nome e ele perde definitivamente a sua salvação.”

Bem, quero manifestar todo meu antagonismo à tamanha heresia, informando que as Escrituras Sagradas revelam-nos a existência de dois livros da vida. De um é riscado o nome de uma pessoa quando morre, seja ela crente ou incrédula. É o livro da vida natural, temporal, terrena. Do outro, que é o Livro Espiritual, o Livro da Vida Eterna, O LIVRO DA VIDA DO CORDEIRO, no qual estão inscritos SOMENTE OS SALVOS, o Senhor Deus jamais ameaça riscar o nome de ninguém.

Ao ler certas passagens das Sagradas Escrituras, o pseudocristão, que reza a cartilha da salvação amissível, se assombra de terror ao aventar a possibilidade de perder a sua “salvação”. É óbvio que esses sustos fantasmagóricos são atinentes tão somente aos crentes superficiais, porquanto a Salvação que o Senhor Jesus Cristo dá aos lídimos crentes nEle é absolutamente eterna. É Vida Eterna eternamente inamissível!

E um dos espectros do pseudocristão, em sua fé superficial, ocorre quando ele lê: “Agora, pois, perdoa o seu pecado; ou se não, risca-me do teu livro, que tens escrito. Então disse o Senhor a Moisés: Aquele que tiver pecado contra mim, a este riscarei do meu livro.” (Êx.32:32,33). Este texto fala de quando Moisés desceu do monte Sinai e encontrou o seu povo a cultuar o bezerro de ouro; e, tendo esse pecado acendido a ira do Senhor, que os queria consumir, Moisés então intercede pelo povo prevaricador. O Profeta, é claro, sabia que quando Deus falava em riscar o nome de alguém do livro da vida terreal, tratava-se de extirpá-lo do meio de seu povo, consoante Gn.17:14; Lv.7:20,21,25,27; 17:9,10,14; 18:29; 19:8; 20:3,6,17,18; 22:3; e 23:29,30.

É inconcebível a ideia de ver um homem do quilate espiritual de Moisés não mais querendo ser salvo e, portanto, rogando a Deus para tirar-lhe a Salvação Eterna.

Ora, ao riscar Deus o nome de um salvo do livro da vida natural (que é extirpá-lo do meio de seu povo), não significa que esse salvo será igualmente riscado do Livro da Vida do Cordeiro e perderá a sua Salvação, como acreditam os pseudocristãos. Prova disso é que, em Lv.18:8,29, lemos: “Não descobrirás a nudez da mulher de teu pai; é nudez de teu pai. (…) Pois qualquer que cometer alguma dessas abominações, sim, aqueles que a cometerem serão extirpados do seu povo.”; e, noutro tempo, vemos um crente incorrendo neste pecado, ou seja, descobrindo a nudez da mulher de seu pai, o que levou o Apóstolo Paulo a pedir à Igreja para entregá-lo a satanás, a fim de que sua carne fosse destruída, mas seu espírito seja salvo no dia do Senhor Jesus (1Co.5:1-5).

E o outro espectro que petrifica o pseudocristão é o Salmo 69, que a minha versão das Escrituras Sagradas intitula de UM GRITO DE ANGÚSTIA, E MALDIÇÕES SOBRE OS ADVERSÁRIOS. Mas basta lermos este Salmo vácuos da malfadada preguiça de raciocinar, que o maldito abantesma logo escafede-se. Com efeito, dos versículos de 1 a 27 Davi discorre a respeito dos injustos, seus inimigos (v.18), seus adversários (v.19), e diz, no v.28: “Sejam riscados (os inimigos, os adversários) do livro da vida, e não sejam (os inimigos, os adversários) inscritos com os justos.” E, do versículo seguinte (29) até o último, o Salmista omite completamente os injustos, e fala tão somente dos justos. Isto nos mostra o quanto Davi tinha verdadeira ojeriza em dividir o mesmo espaço com os injustos; aliás, no Sl.139 ele fala claramente de seu sentimento com relação aos injustos.

Definitivamente, o livro supracitado não é o Livro da Vida do Cordeiro, porque Deus não inscreveria em seu Livro Eterno nomes de ímpios para riscá-los em seguida. No Livro da Vida do Cordeiro são inscritos SOMENTE os nomes dos salvos, lavados e remidos pelo sangue do Cordeiro!

Bem, falamos sobre o livro da vida natural, terreal, do qual Deus risca, no seu Kairós e na sua Soberana Vontade, os nomes nele arrolados.

Agora, vamos falar do LIVRO DA VIDA DO CORDEIRO, o Livro Espiritual, o Livro da Vida Eterna que Deus tem junto de si nos arcanos celestiais, do qual Ele não risca um só nome de seus remidos.

Ao mencioná-lo, o Profeta Daniel diz que nos últimos tempos, ao ensejo da distinta tribulação, o arcanjo Miguel se levantará a favor do povo de Deus, e o livrará (Dn.12:1). Percebe-se nitidamente que, bem ao contrário de se riscar o nome do salvo do Livro da Vida, o Senhor Deus o livra...

Certa vez, após retornarem de uma jornada de trabalho no Reino de Deus, os setenta discípulos, jubilosos, relataram ao Mestre: “Senhor, em teu Nome, até os demônios se nos submetem.”, ao que Jesus respondeu-lhes: “Contudo, não vos alegreis porque se vos submetem os espíritos; ALEGRAI-VOS ANTES POR ESTAREM OS VOSSOS NOMES ESCRITOS NOS CÉUS.” (Lc.10:17,20). Acaso faria sentido essa alegria, se o nome do salvo pudesse ser riscado do Livro da Vida do Cordeiro? Não seria, porventura, uma alegria efêmera, tipo rastilho de fogo de palha? Não seria uma tristeza camuflada de alegria? Não seria uma alegria convertida em tristeza, como a daquela mulher que, ao carregar no ventre, alegremente, o seu rebento, recebe o informe médico de que dará à luz um natimorto?

Ora, a alegria da inscrição nos céus, de forma relâmpago como querem os pseudocristãos, seria pior do que a própria tristeza, portanto Jesus seria incapaz de dá-la aos crentes nEle!

O Apóstolo Paulo menciona-o quando cita alguns cooperadores seus, “cujos nomes estão no Livro da Vida.” (Fl.4:3), e ele nunca falou de exclusão de nomes do Livro Bendito.

O autor da Epístola aos Hebreus, idem, visto que fala somente de “primogênitos inscritos nos céus.”(12:23), e jamais de anulação dessa gloriosa inscrição.

O Apóstolo João, em seu Livro do Apocalipse, diz que nos últimos dias irão para a idolatria, isto é, adorarão a besta e o dragão (dignitários eclesiásticos da igreja apóstata) “todos os que habitam sobre a terra, esses cujos nomes não estão escritono LIVRO DA VIDA DO CORDEIRO que foi morto desde a fundação do mundo.” (13:8)

O Cordeiro (Jesus Cristo) foi morto DESDE A FUNDAÇÃO DO MUNDO e, ao ensejo deste seu Sacrifício Salvífico e Vicário, Ele escreveu os nomes dos salvos “no Livro da Vida DESDE A FUNDAÇÃO DO MUNDO.” (id.17:8)

Ora, seria um tonitruante contrassenso se um nome registrado “desde a fundação do mundo”, no Livro da Vida do Cordeiro, “que foi morto desde a fundação do mundo”, pudesse sofrer quaisquer rasuras e apagabilidades. Por acaso Jesus Cristo rasuraria seu Livro Eterno? Permitiria Ele a alguém rasurá-lo?

Ambos, Sacrifício do Cordeiro e inscrição dos salvos no Livro da Vida foram realizados, simultaneamente, na Eternidade, justamente para provar a Eternidade de ambos!

Não! O nome do crente não pode ser riscado do Livro da Vida do Cordeiro, porque o Senhor Jesus Cristo garante-nos: “O que vencer será assim vestido de vestes brancas, E DE MANEIRA NENHUMA RISCAREI O SEU NOME DO LIVRO DA VIDA; antes confessarei o seu nome diante de meu Pai e diante dos seus anjos.” (id.3:5)

O QUE VENCER”, assegura o Senhor Jesus Cristo, “DE MANEIRA NENHUMA RISCAREI O SEU NOME DO LIVRO DA VIDA”.

E quem é o que vence o mundo?

Porque TODO O QUE É NASCIDO DE DEUS VENCE O MUNDO; e esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé. Quem é o que vence o mundo, senão aquele que crê que Jesus é o Filho de Deus?” (1Jo.5:4,5). “Mas em todas estas coisas SOMOS MAIS QUE VENCEDORES, por aquele que nos amou.” (Rm.8:37). E nós só vencemos o mundo porque cremos que Jesus é o Filho de Deus; e nEle (Jesus) somos mais que vencedores porquanto, na verdade, Ele (Jesus) é quem venceu o mundo por nós, conforme Ele disse: “Mas tende bom ânimo, EU VENCI O MUNDO.” (Jo.16:33). É sabido que “o mundo inteiro jaz no maligno.” (1Jo.5:19), porém, porque Jesus venceu o mundo e porquanto somos dEle, já temos igualmente vencido o mundo, porque maior é Cristo, que está em nós, do que aquele (o anticristo) que está no mundo: “Filhinhos, vós sois de Deus, e já os tendes vencido; porque maior é aquele que está em vós do que aquele que está no mundo.” (id.4:4). Aleluia!

Concludentemente, sabendo, pois, que uma coisa é o livro da vida das obras humanas, e outra coisa completamente diferente é o LIVRO DA VIDA DO CORDEIRO, do qual DE MANEIRA NENHUMA o Senhor Jesus Cristo riscará o nome do salvo, transcrevo esta revelação a respeito de ambos os livros: “E vi um grande trono branco e o que estava assentado sobre ele, de cuja presença fugiram a terra e o céu; e não foi achado lugar para eles. E vi os mortos, grandes e pequenos, em pé diante do trono; e abriram-se uns livros, E ABRIU-SE OUTRO LIVRO, QUE É O DA VIDA; e os mortos foram julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros, segundo as suas obras. O mar entregou os mortos que nele havia; e a morte e o hades entregaram os mortos que neles havia; e foram julgados, cada um segundo as suas obras. E a morte e o hades foram lançados no lago de fogo. Esta é a segunda morte, o lago de fogo. E TODO AQUELE QUE NÃO FOI ACHADO INSCRITO NO LIVRO DA VIDA, foi lançado no lago de fogo.” (Ap.20:11-15). Amém!

segunda-feira, 3 de março de 2014

A Segurança Eterna de Todos os Crentes Comprados Pelo Sangue


Por J. M. Carroll

Queridos irmãos: É com um desejo sincero de confortá-los e fortalecê-los que prego este sermão.

No início da minha vida cristã passei por um dilema enorme de dúvida, medo e problemas sobre o assunto aqui discutido. Em minha ignorância do que a Bíblia ensinava realmente, cria com certeza ser possível, isto mesmo, até mais do que possível, para um crente, por causa dos pecados, achar-se perdido e condenado no final. Durante este curto período de minha vida fui de pouca ajuda para os outros e mesmo à causa de Deus. Minha atenção total era dada a mim mesmo. Estava tentando com todas as minhas forças "ficar firme" e "resistir" e quanto mais tentava, mais duvidoso ficava. Isto tornou-se uma luta desigual. Logo aprendi perfeitamente que o pecado e Satanás são mais fortes do que o crente. Durante aqueles dias a alegria da salvação não era minha. Não vou tentar contar a vocês toda a história destes dias duvidosos e incertos. Fui levado a buscar a Palavra de Deus. Este sermão que lhes prego é o resultado da busca por luz e ajuda. Estou profundamente convencido que é um privilégio abençoado do crente ser confortado e fortalecido por sua religião.

Os seguintes versículos são meu texto:

"As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem; e dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão. Meu Pai, que mas deu, é maior do que todos; e ninguém pode arrebatá-las da mão de meu Pai" João 10:27-29.

"Porque o pecado não terá domínio sobre vós, pois não estais debaixo da lei, mas debaixo da graça" Romanos 6:14.

"Portanto, pode também salvar perfeitamente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles" Hebreus 7:25.

"... e chamarás o seu nome JESUS; porque ele salvará o seu povo dos seus pecados" Mateus 1:21.

Apesar de ter escolhido um texto comprido, não espero limitar meu sermão a estas passagens. É meu propósito usar muitas outras.

1. O PRIMEIRO PONTO DE MEU TEXTO,
para o qual chamo sua especial atenção está contido nas palavras "VIDA ETERNA". Notem o que o texto diz: "e dou-lhes a vida eterna".

Com relação a estas palavras, peço-lhes que notem cuidadosamente quatro coisas, todas tiradas da Bíblia:

(1) Antes da fundação do mundo "Deus propôs dar a Seu povo a vida eterna".
Vejamos os seguintes versículos:

"Que nos salvou, e chamou com uma santa vocação; não segundo as nossas obras, mas segundo o seu próprio propósito e graça que nos foi dada em Cristo Jesus antes dos tempos dos séculos" 2 Timóteo 1:9.

"E os gentios, ouvindo isto, alegraram-se, e glorificavam a palavra do Senhor; e creram todos quantos estavam ordenados para a vida eterna" Atos 13:48.

Antes de comentar estas passagens, vejam ainda:

(2) Deus prometeu a Seus Filhos exatamente a mesma coisa que propôs. Isto é: "A Vida Eterna".

Notem estas provas:

"E, como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do homem seja levantado; Para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna" João 3:14-16.

"Paulo, servo de Deus, e apóstolo de Jesus Cristo, segundo a fé dos eleitos de Deus, e o conhecimento da verdade, que é segundo a piedade, em esperança da vida eterna, a qual Deus, que não pode mentir, prometeu antes dos tempos dos séculos" Tito 1:1-2.

"E esta é a promessa que ele nos fez: a vida eterna" 1 João 2:25.

Vemos assim, que mesmo antes do mundo ser feito, Deus propôs dar a Seu povo, que anos depois creria nEle, a "Vida Eterna". E então Ele prometeu a este povo a mesma coisa que propusera.

Notem mais uma vez:

(3) Deus deu e agora dá exatamente o que propôs e prometeu. Isto é: "A Vida Eterna".

"Quem crê no Filho de Deus, em si mesmo tem o testemunho; quem a Deus não crê mentiroso o fez, porquanto não creu no testemunho que Deus de seu Filho deu. E o testemunho é este: que Deus nos deu a vida eterna; e esta vida está em seu Filho" 1 João 5:10-11.

"... e eu conheço-as, e elas me seguem; e dou-lhes a vida eterna..." João 10:27-28.

"Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus nosso Senhor" Romanos 6:23.

Sobre estas palavras "Vida Eterna" vejam mais um ponto:

(4) Os crentes recebem e têm preciosamente o que Deus propôs, prometeu e deu. Isto é: "Vida Eterna".

Mais uma vez observemos o que a Bíblia diz:

"Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna" João 5:24.

Não "vai ter", no futuro, mas tem agora. Não só há uma posição segura algum tempo depois, mas agora mesmo "tem a Vida Eterna". Dou-lhes agora as palavras de um velho pregador, pouco antes de morrer, escrevendo aos que tinham sido convertidos por seu ministério. As palavras finais, evidentemente eram para o conforto e encorajamento deles:

"Estas coisas vos escrevi a vós, os que credes no nome do Filho de Deus, para que saibais que tendes a vida eterna, e para que creiais no nome do Filho de Deus" 1 João 5:13.

Quero chamar atenção ao fato de que os crentes têm vida eterna agora. Eles não somente a terão no futuro, mas têm AGORA.

Reparem na força total deste primeiro argumento. Deus propôs, prometeu, deu e ainda dá; os crentes recebem e têm uma coisa definida. E esta coisa é a "Vida Eterna".

Estas palavras não significam de curta duração. Não significam vida por um dia, um mês, um ano ou mesmo cem anos; mas uma vida para sempre e por toda a eternidade. Se os crentes possuem alguma coisa, eles têm a "vida eterna". Pois isso, e isso só, é o que Deus propôs, prometeu e deu aos crentes em Seu Filho. Como a Palavra de Deus é simples e clara!

2. NOTEM AGORA A SEGUNDA PARTE DO TEXTO:

Deus faz esta coisa duplamente segura.

Sem querer que ninguém fique na dúvida em relação a este assunto, Deus vai mais adiante do que só declarar que o que propôs e prometeu, e que os crentes recebem e têm é "vida eterna".

Ele acrescenta algo mais. Vamos ouvir o que diz sua Palavra:

"As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem; e dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão" João 10:27-28.

"Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida" João 5:24.

Não importa o que nos aconteça no futuro; não importa a tentação que possa nos rodear; não importa as obras de Satanás; não importa se ele nos deixar desanimados ou nos tiver sob a sua mira, nunca mais o salvo "entrará em condenação", "ELES NUNCA PERECERÃO".

3. NOTEM O TERCEIRO PONTO DO MEU TEXTO:

Os crentes não estão sob a lei. Vamos "à lei e ao testemunho".

"Porque o pecado não terá domínio sobre vós, pois não estais debaixo da lei, mas debaixo da graça" Romanos 6:14.

"Porque até à lei estava o pecado no mundo, mas o pecado não é imputado, não havendo lei" Romanos 5:13.

"Bem-aventurados aqueles cujas maldades são perdoadas, E cujos pecados são cobertos. Bem-aventurado o homem a quem o Senhor não imputa o pecado" Romanos 4:7-8.

"Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados" 2 Coríntios 5:19.

Não é de admirar a exclamação exultante de fé e esperança de Paulo:

"Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem é que condena? Pois é Cristo quem morreu, ou antes quem ressuscitou dentre os mortos, o qual está à direita de Deus, e também intercede por nós" Romanos 8:33-34.

Alguma coisa pode se tornar mais forte ou mais clara? Estes versículos necessitam de comentário? O crente não está sob a lei, mas sob a graça. O pecado não é imputado onde não há lei. Jesus Cristo tornou-Se nosso substituto.

"Levando ele mesmo em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro" 1 Pedro 2:24.

"... mas o Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de nós todos; e pelas suas pisaduras fomos sarados", Isaías 53:6,5.

Como estes versículos são animadores! Como nos fortalecem, nos confortam e quão gloriosos são! Será que eles nos tornam negligentes, imprudentes ou tolos?

De maneira nenhuma! Ouçam o que Paulo diz:

"Pois que? Pecaremos porque não estamos debaixo da lei, mas debaixo da graça? De modo nenhum" Romanos 6:15.

Vamos agora examinar este assunto da segurança do crente, por outra linha de pensamento.

4. AS ESCRITURAS ENSINAM QUE DEUS É O AUTOR E CONSUMADOR DA SALVAÇÃO DO CRENTE.

Marquem várias passagens sobre este assunto:

"Tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao dia de Jesus Cristo" Filipenses 1:6.

"Olhando para Jesus, autor e consumador da fé" Hebreus 12:2.

"E, sendo ele consumado, veio a ser a causa da eterna salvação" Hebreus 5:9.

"Porque em tudo fostes enriquecidos nele, em toda a palavra e em todo o conhecimento (Como o testemunho de Cristo foi mesmo confirmado entre vós). De maneira que nenhum dom vos falta, esperando a manifestação de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual vos confirmará também até ao fim, para serdes irrepreensíveis no dia de nosso Senhor Jesus Cristo" 1 Coríntios 1:5-8.

Quero dar ainda mais outro versículo para este ponto:

"Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus" Efésios 2:8.

A salvação é completamente de Deus. Ele é o Autor e Consumador. Deus começou a obra e vai terminá-la. Até mesmo a fé é de Deus. É completamente impensável, inconcebível - que Deus que conhece o homem hoje, amanhã e no futuro - dê-lhe fé para crer, começa nele uma boa obra e a deixe incompleta. Começar e não terminar como se não conhecesse Sua própria mente. Começar e não terminar como se não fosse o Deus imutável! Começar e não terminar como se se comportasse como uma criança, brincando com uma coisa tão séria como a salvação. Brincando com a alma eterna dos homens; brincando com o céu e o inferno. Brincando com a eternidade. Não! Mil vezes não! Meus irmãos e minhas irmãs, não podemos imaginar tal coisa. Por trás do começo de Deus, na salvação do pecador, está Seu propósito e promessa eterna. Ele irá até o fim!

Vejam agora outro ponto do meu texto.

5. OS CRENTES NÃO SE GUARDAM A SI MESMOS, DEUS O FAZ.

Ouçam o que a Bíblia diz:

"As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem; e dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão. Meu Pai, que mas deu, é maior do que todos; e ninguém pode arrebatá-las da mão de meu Pai" João 10:27-29.

Estes versículos afirmam que os crentes estão nas mãos de Cristo, o Filho, e também nas de Deus. Nenhum homem pode tirá-los destas mãos.

Talvez o crente ignorante e temeroso diga: Será que o próprio Deus não os lança fora?

Ouçam as palavras de Cristo a este respeito:

"Todo o que o Pai me dá virá a mim; e o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora" João 6:37.

Cristo afirma claramente que não os lançará fora!

Quero que agora notem algumas outras passagens, que apoiam este ponto - que Deus guarda o crente:

"Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo que, segundo a sua grande misericórdia, nos gerou de novo para uma viva esperança, pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, para uma herança incorruptível, incontaminável, e que não se pode murchar, guardada nos céus para vós, que mediante a fé estais guardados na virtude de Deus para a salvação, já prestes para se revelar no último tempo, em que vós grandemente vos alegrais, ainda que agora importa, sendo necessário, que estejais por um pouco contristados com várias tentações" 1 Pedro 1:3-6.

Não vejo como é possível, até mesmo para um Espírito Onisciente, usar linguagem mais clara e mais forte do que esta. Ó, filho de Deus, note cuidadosamente o que este versículo diz: Deus "nos gerou de novo", e nos gerou "para uma viva esperança".

"Uma viva esperança!" Não uma esperança morta, sem conforto; mas sim uma esperança viva, que inspira a alma. "Gerou-nos de novo".

"Para uma herança incorruptível, incontaminável, e que não se pode murchar". E então para tomar o assunto mais seguro, esta herança não é colocada na mão do crente, onde talvez a gaste ao "viver dissolutamente", onde a venda por "um prato de lentilha", onde a jogue fora por "trinta moedas de prata", onde a desperdice por algum prazer passageiro do mundo, ou onde a perca por causa de um pecado inesperado. Note o que o versículo diz: "Uma herança... guardada nos céus para vós".

Que fato bendito - Deus a guarda para nós. Esta herança gloriosa está reservada no céu para o crente, durante os anos de sua menoridade. (Gálatas 4:1-6 explica este tempo da menoridade). Não fica na posse do crente. Não existe um meio de perdê-la; nem de dá-la, nem de jogá-la fora. "Guardada nos céus para vós" onde nem os homens maus, nem os demônios podem ir.

Mas talvez alguém, ainda duvidando, diga: "Entendo tudo sobre a herança. Tudo bem! Mas é o crente, o herdeiro?" Ó irmão atribulado, ouça a passagem inteira. Ouça e sinta-se confortado e convencido. "... nos gerou de novo para uma viva esperança ... guardada nos céus para vós, que mediante a fé estais guardados na virtude de Deus". A parte final desta passagem é tão apropriada: "... em que vós grandemente vos alegrais, ainda que agora importa, sendo necessário, que estejais por um pouco contristados com várias tentações".

"Em que vós grandemente vos alegrais" "E por que não?" A época das tentações e opressões não durará muito. Olhe para cima, ó crente. Veja a obra do Seu Deus e Salvador. Não seja incrédulo, mas crente.

Dou ainda outro versículo que mostra o que guarda o crente. Ouçam-no:

"Porque eu sei em quem tenho crido, e estou certo de que é poderoso para guardar o meu depósito até àquele dia" 2 Timóteo 1:12.

Sim, amados irmãos, Deus pode e vai guardar. "Estou certo de que é poderoso para guardar o meu depósito até àquele dia". O dia de todos os dias - com certeza Ele o guardará nos dias fáceis.

Ouçam mais uma vez o que Paulo diz:

"Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação, ou a angústia, ou a perseguição, ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada? Como está escrito: Por amor de ti somos entregues à morte todo o dia; Somos reputados como ovelhas para o matadouro. Mas em todas estas coisas somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou. Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir, nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor" Romanos 8:35-39.

Esta declaração gloriosa do grande Apóstolo dos gentios não precisa explicação. Ela é de vocês, irmãos e irmãs. Eu a coloco em seus corações. Creiam nela e deixam que os anime e sustente.

Os filhos de Deus subiram a adorar. Satanás veio com eles, e o Senhor o interrogou:

"Observaste tu a meu servo Jó? Porque ninguém há na terra semelhante a ele, homem íntegro e reto, temente a Deus, e que se desvia do mal. Então respondeu Satanás ao SENHOR, e disse: Porventura teme Jó a Deus debalde? Porventura tu não cercaste de sebe, a ele, e a sua casa, e a tudo quanto tem? A obra de suas mãos abençoaste e o seu gado se tem aumentado na terra" Jó 1:6-10.

Sim, meus queridos irmãos, Deus guarda seus filhos.

Alguns anos atrás, eu estive em certa cidade neste estado. Tivemos vários cultos - Deus estava conosco. Certa manhã, quando nos aproximávamos do lugar da reunião minha atenção foi chamada por um homem, em pé, perto da porta. "Está vendo aquele homem? Ele é um imoral, um jogador, um apostador, um infiel. Há quinze anos não pisa em nossa igreja". Fizemos nosso culto - Deus estava nele. Este homem, como afirmou aquela noite seu testemunho, foi convertido. Para o espanto de todos, ele veio à frente e pediu para se unir à igreja. Pude ouvir cochichos por toda a parte e uns até em alta voz: "O que significa isto? Juntar-se à igreja?" "Mas ele não aguenta!" "Não dou nem uma semana". O homem ouviu também. Poucos anos depois voltei àquela cidade. Após o culto um homem veio falar comigo. "O senhor me conhece?" Reconheci-o imediatamente. Ele disse: "Lembra-se do que o povo disse sobre mim aquela noite? Eles tinham razão. Tudo o que disseram sobre mim era verdade (havia grandes lágrimas em seus olhos), não aguentei. Falhei logo. Mas Deus me segurou. Ele nunca me soltou. Sei que Ele salva".

Jamais esquecerei o que foi gravado em minha mente pela declaração tranquila daquele homem. Deus provou que é fiel. Este, povo crente, é o único segredo. Deus sustenta. Ele guarda Seu povo. Sinto grande confiança e conforto noutro ponto em meu texto.

6. CRISTO OROU E AINDA ORA POR SEU POVO.

Ouçam o que a Bíblia diz sobre o assunto:

"Pai, graças te dou, por me haveres ouvido. Eu bem sei que sempre me ouves" João 11:41-42.

Oh! que confiança do Filho no Pai! "Eu bem sei que sempre me ouves". Agora irmãos, notem por quem Jesus ora:

"Pai santo, guarda em teu nome aqueles que me deste" João 17:11.

"E não rogo somente por estes, mas também por aqueles que pela sua palavra hão de crer em mim" João 17:20.

Meus irmãos, isto inclui vocês e eu. Inclui cada pecador que um dia se tornará crente. O Pai sempre ouve Jesus. Jesus ora por Seu povo.

Ouçam mais uma vez:

"Disse também o Senhor: Simão, Simão, eis que Satanás vos pediu para vos cirandar como trigo; mas eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça"; Lucas 22:31-32.

Já contei sobre Satanás querendo Jó, mas ele descobriu que Deus o cercava por todos os lados. Desta vez ele quer Simão Pedro - como quer a todos nós - mas Jesus disse a Simão: "Mas eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça".

Porém o que mais nos conforta em todos os versículos sobre este ponto é um que faz parte do meu texto:

"Portanto, pode também salvar perfeitamente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles" Hebreus 7:25.

Enquanto estamos aqui, cada dia, rodeados por enormes tentações, preocupados pelos pecados, afligidos pelo Demônio, muitas vezes tropeçando, muitas vezes passando por grandes tristezas e tribulações, muitas vezes lutando grandes batalhas, nem por um só momento Ele se esquece de nós. Todo o tempo Jesus está à mão direita do Pai intercedendo por nós. Vivendo sempre para interceder por nós. Será que Jesus vai falhar? Será que vai pedir uma coisa impossível? Ele diz que o Pai sempre O ouve!

Vejam ainda outra linha do ensino bíblico:

7. ELES DECLARAM QUE O ESPÍRITO SANTO SELA O CRENTE ATÉ O DIA DA REDENÇÃO.

"E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual estais selados para o dia da redenção" Efésios 4:30.

Quando é que o Espírito Santo sela o crente? Antes da morte, pouco antes dela, ou assim que o homem crê? Esta é uma pergunta importante.

Mais uma vez rogo-lhes, ouçam o que a Bíblia diz:

"Em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa. O qual é o penhor da nossa herança, para redenção da possessão adquirida, para louvor da sua glória" Efésios 1:13-14.

Estes versículos parecem ensinar claramente que no momento em que o pecador recebe Cristo, crê nEle, o Espírito Santo o sela para sempre. Esta passagem declara que este selo é o penhor da nossa herança. A primeira prestação. Sim, a prova positiva de que vamos recebê-la totalmente.

Crentes, sigam-me mais adiante, e achem ainda outra base de esperança neste assunto.

8. A BÍBLIA DECLARA QUE OS CRENTES SÃO HERDEIROS COM DEUS E CO-HERDEIROS COM CRISTO.

Vamos ver o que a Bíblia diz. Tentem entender o significado.

"Porque não recebestes o espírito de escravidão, para outra vez estardes em temor, mas recebestes o Espírito de adoção de filhos, pelo qual clamamos: Aba, Pai. O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus. E, se nós somos filhos, somos logo herdeiros também, herdeiros de Deus, e co-herdeiros de Cristo: se é certo que com ele padecemos, para que também com ele sejamos glorificados" Romanos 8:15-17.

Antes de comentar, ouçam outra passagem:

"Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para remir os que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos a adoção de filhos. E, porque sois filhos, Deus enviou aos vossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai. Assim que já não és mais servo, mas filho; e, se és filho, és também herdeiro de Deus por Cristo" Gálatas 4:4-7.

"Filhos". "Filhos de Deus". "Herdeiros de Deus". "Co-herdeiros de Cristo". Irmãos e Irmãs, ouçam-me, e falo com toda a reverência. Se o título de Cristo é bom, assim também é o do crente. Notem o fato: os crentes não são somente filhos adotivos de Deus, mas também Seus filhos por nascimento. Nascidos do Espírito Santo. A Bíblia em grande misericórdia por nossa fraqueza, nossa falta de entendimento, traz estas grandes verdades para nós de muitas maneiras. Filhos adotivos e filhos por nascimento.

Será que o Pai nos deserdará? Se fôssemos recebidos em Sua família por causa de algum mérito em nós, talvez nos deserdasse. Mas Cristo, Seu Filho querido, já fez tudo. É por amor a Ele que somos recebidos na família de Deus. Enquanto Cristo continuar verdadeiro a Seus irmãos e irmãs, ninguém será deserdado. Se isto falhar, então ou Deus ou Cristo terão de falhar. Sem dúvida, seria nossa infelicidade, nossa perda, nossa condenação, mas seria a culpa de Deus. Sem nada que nos aprovasse, Ele nos adotou. Fez-nos Seus herdeiros e co-herdeiros em Seu Filho. Amados, tenho plena certeza de que não haverá falha. A onisciência e onipotência estão por trás deste assunto todo; vamos ter coragem.

Ainda há outro ponto glorioso em meu texto. Ouçam-no:

9. JESUS SALVA OS CRENTES DOS SEUS PECADOS.

"... e chamarás o seu nome JESUS; porque ele salvará o seu povo dos seus pecados" Mateus 1:21.

Este nome não foi dado à criança de Belém nem por José nem por Maria. Não foi dado por nenhum dos parentes nem amigos. Este nome veio do céu. "E chamarás o seu nome Jesus".

Por que este nome? Todos, velhos e novos, de qualquer nação, que aceitarem Cristo como Salvador. Este é o Seu povo. E Jesus "o salvará dos seus pecados". Jesus sabia que iam pecar - e muitas vezes, gravemente. Mas estes pecados não os condenariam, pois Ele os salvaria. Por favor, notem a palavra "salvará". Quero perguntar-lhes: "Um homem é salvo contanto que esteja em perigo, não é? Quando um homem confia em Jesus, ele é salvo naquele momento, ou apenas está em condição de ser salvo contanto que fique firme fielmente?"

A Escritura diz salvo. Como podemos dizer que alguém é salvo, se ainda está em perigo de ser perdido? Se um homem é salvo, o perigo de ser perdido não deixa de existir para sempre? Oh! Irmãos, há uma diferença entre ser salvo e ser colocado numa posição de ser salvo, se fizer certa coisa; se outra condição for obedecida. Por que chamará Seu nome "Jesus?" Há uma razão gloriosa, sim, um fato glorioso: "Porque ele salvará o seu povo dos seus pecados".

Irmãos e irmãs, deixem-me dar-lhes ainda outras razões porque sou levado a crer na segurança do crente.

1. PARECE-ME, APÓS UM ESTUDO CUIDADOSO DA BÍBLIA, QUE SE NÃO ESTIVERMOS SEGUROS, E SEGUROS PARA SEMPRE, NO MOMENTO EM QUE CREMOS EM JESUS CRISTO - E FALO COM TODA REVERÊNCIA - PARECE-ME QUE CRISTO TALVEZ ESTEJA ENVOLVIDO NUMA MENTIRA.

Notem os seguintes versículos:

"As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as" João 10:27.

"Todavia o fundamento de Deus fica firme, tendo este selo: O Senhor conhece os que são seus" 2 Timóteo 2:19.

Tenham estas duas simples afirmações em mente: "E eu conheço-as" e "O Senhor conhece os que são seus".

Se confiarmos em Jesus hoje, Deus não sabe disto? Será que Deus, que é onisciente, não sabe a hora exata, sim, o momento certo no qual o pecador crê nEle?

Olhem este retrato e ouçam estas palavras: Somos ensinados na Bíblia que no dia do juízo haverá uma separação; e que haverá duas multidões: uma à esquerda e outra à direita. Não haverá três, só duas. Todos os que estiverem no julgamento estaria em uma das duas classes. A todos quantos estiverem à mão direita, Ele dirá:

"Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo" Mateus 25:34.

E aos da esquerda, dirá:

"Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade" Mateus 7:23.

"Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos" Mateus 25:41.

Notem estas palavras: "Nunca vos conheci". Isto seria verdade se alguém na multidão à esquerda tivesse sido crente?

Em face destas duas simples afirmações: "E eu conheço-as" e "O Senhor conhece os que são seus", se, quando chegarmos ao juízo, Deus disser aos da esquerda: "Nunca vos conheci", e houver entre esse número, pelo menos um, que um dia foi crente, isto não faria de Deus um mentiroso? Com certeza irmãos, os que finalmente forem mandados embora são os que nunca aceitaram realmente Cristo como Salvador.

Outra razão que me faz acreditar na segurança do crente é esta:

2. SE NÃO FOSSE ASSIM, A CONDIÇÃO DO PECADOR SERIA EM CERTOS ASPECTOS ATÉ MELHOR DO QUE A DO CRENTE.

A Bíblia ensina que o pecador é salvo pela graça:

"Porque pela graça sois salvos, por meio da fé" Efésios 2:8.

Se o crente não estiver seguro, nem for salvo realmente, então outra condição é acrescentada à sua salvação: "a de resistir". Se isto for verdade, nossa condição não é pior do que a do pecador? O pecador é salvo pela graça. O crente é salvo pela graça e "se resistir". Sendo isto uma verdade, seria um argumento muito forte a favor de se adiar a salvação até a velhice, ou quando se estivesse à beira da morte, não era? Com toda certeza cada momento durante o qual tivéssemos que "resistir", aumentaria muito mais nosso perigo. É possível, irmãos, que o pecador que nunca confiou em Deus, tenha uma chance melhor do que o crente? Isto não seria contra todos os ensinamentos da Santa Palavra de Deus?

Não somos todos salvos da mesma maneira?

"Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós; é dom de Deus", Efésios 2:8.

A salvação não é ganha, nem antes nem depois da conversão; é um dom. A questão de resistir não entra nela. Somos salvos de uma vez por todas, quando confiamos em Jesus Cristo.

Ainda outra coisa que tem muito a ver com minha crença sobre a segurança permanente dos crentes é:

3. SE UM CRENTE PERDESSE A SALVAÇÃO UMA SÓ VEZ ENTÃO ESTARIA IRREMEDIAVELMENTE PERDIDO.

Como prova, ouçam a Escritura:

"Porque é impossível que os que já uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se tornaram participantes do Espírito Santo. E provaram a boa palavra de Deus, e as virtudes do século futuro, e recaíram, sejam outra vez renovados para arrependimento; pois assim, quanto a eles, de novo crucificam o Filho de Deus, e o expõem ao vitupério" Hebreus 6:4-6.

Notem, com todo cuidado, cada palavra desta passagem extraordinária: "Uma vez iluminados". "Provaram o dom celestial". ("Deu seu Filho unigênito", "O dom de Deus é vida eterna".) "Participantes do Espírito Santo". "Provaram a boa palavra de Deus". "E as virtudes do século futuro". "É impossível... e recaíram, sejam outra vez renovados para arrependimento".

A Versão Revisada da Bíblia traduz esta frase "e recaíram", "E depois caíram". O sentido desta frase na língua original do Novo Testamento (grega) é condicional: "Se caírem". O sentido é: Se fosse possível que o salvo caísse da salvação, seria impossível para este homem ser renovado a salvação a segunda vez. Para salvar tal homem teria de haver um novo Cristo, ou uma nova crucificação do velho. Mais uma vez Jesus teria de ser ferido e magoado. Haveria então outro Getsêmani, outro Gólgota. Mas, que bem isto faria? Se Cristo, mesmo através de Seu sofrimento e morte, falhasse uma vez, será que não falharia novamente? Se ser lavado no sangue precioso do Filho de Deus não traz uma redenção final a primeira vez, como o poderá fazê-lo a segunda?

Certamente quem falhar - se falhar - deixa para trás toda a esperança. E para sempre. Mas sinto-me tão feliz por Paulo ter dito: "E recaíram", ou "Se caírem".

"Se" - ele não acreditava que isto aconteceria. Contudo, parecia determinado a impedir qualquer pobre mortal de se agarrar à ideia de que se falhar, teria mais uma chance. Cair significa ruína final e irremediável. Porém mais uma vez:

4. SE UM CRENTE PUDESSE PERDER A SALVAÇÃO PODERIA SER LEVANTADA UMA QUESTÃO MUITO CONFUSA.

Ouçam-na: Quantos pecados, ou de quais tipos, fariam um homem perder a salvação?

Quem pode responder a tal pergunta? Qual igreja a poderia responder? Qual homem? Qual tipo de pecado ou quantos, depois do homem se tornar crente, condenaria sua alma? Imploro a cada pessoa a parar e considerar estas perguntas. Só um pecado será bastante para fazer um homem perder a salvação? Ou vinte? Ou cem? Pecamos todos os dias. Qual é o limite, e que limite, além do qual o homem for o fará um perdido; sem esperança da vida eterna? Será que um homem poderá algum dia saber que está perto deste ponto, ou até mesmo se já o ultrapassou? Que pergunta, meus irmãos!

Ouçam, porém:

5. SE UM CRENTE PUDESSE PERDER A SALVAÇÃO, ISTO FARIA COM QUE ALGUMAS COISAS NA BÍBLIA PARECESSEM MUITO INCONSISTENTES.

Vejam esta passagem, por exemplo:

"Assim vos digo que há alegria diante dos anjos de Deus por um pecador que se arrepende" Lucas 15:10.

Imaginem o quadro todo: Eis aqui, na terra, um pobre e convicto pecador. Ele está se arrependendo, deixando seus pecados e vindo a Cristo como seu Salvador. Sua fé tão frágil está crendo em Cristo como substituto. Mas é só uma parte do quadro. Há outros espectadores. O céu observa esta cena.

Sabem, quando um pecador se arrepende "há alegria diante dos anjos". O céu fica em êxtase. Jesus Cristo Se regozija. Como é emocionante! Como esta cena toca nossa alma! Mas... esperem... não cometam erro. Não deixem tal alegria ser prematura. Oh, Jesus Cristo, se este homem estiver perdido, Sua onisciência terá sido falsa, pelo menos desta vez. O Senhor Se regozija pela volta do filho pródigo, mas vem Satanás e o tira de Sua mão! Será que o céu comete um erro assim? Cristo oferece a salvação a um homem, que se regozija que ele pacientemente estenda sua mão para recebê-lo, e então a toma de volta? Jesus faz isto? Jesus, o Ser onisciente, vê o pecador se arrependendo, e ainda Se alegra, sabendo que no final ele estará perdido? Será que Cristo faria isto? Pode-se conceber que Cristo, os anjos e o céu inteiro se regozijem com o arrependimento de qualquer pecador se a questão da salvação final fosse uma coisa tão incerta? Como tal situação faria a Bíblia parecer inconsistente.

EXAMINAREMOS OUTRA PASSAGEM:

"Vou preparar-vos lugar. E quando eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo" João 14:2-3.

Um dos pensamentos mais suaves que tenho sobre o céu, é que ficaremos satisfeitos com ele. O Deus Onisciente - o grande e sábio Arquiteto - que conhece todas as necessidades do passado, do presente e do futuro - sim, e de toda a eternidade - preparou um lugar para nós. Ficaremos satisfeitos com ele assim que chegarmos lá e nos sentiremos sempre assim - satisfeitos! Nunca nos sentiremos insatisfeitos. Nunca vamos querer nos mudar. Nem reformá-lo. Preparado para nós. Mas a pergunta que nos confunde, a inconsistência é: Para que esta preparação tão prévia e longa? Se a questão da salvação não estiver resolvida, por que Jesus irá na frente para preparar um lugar? Se a questão da salvação de Pedro, João, de André e dos outros não estiver resolvida, para que esta preparação tão apressada? Será que o céu será como algumas de nossas casas terrestres - cadeiras vazias, lugares vazios, com membros da família faltando? Isto seria verdade, se algum crente não chegasse lá.

Mas, antes de concluir, deixem-me chamar sua atenção a algumas objeções feitas à posição tomada neste sermão

1. ALGUNS DIZEM: "SE CRER NESTA DOUTRINA DA SEGURANÇA ABSOLUTA DO CRENTE, PECARIA O QUANTO QUISER".

2. ALGUNS DIZEM: "MAS É UM FATO QUE ALGUNS DEIXAM DE SER CRENTES".

3. MAS AINDA OUTROS DIZEM: "A BÍBLIA DIZ QUE A GENTE TEM QUE RESISTIR ATÉ O FIM".

Já ouvi esta expressão não sei quantas vezes. Mas que palavras estranhas vindas de um crente; de alguém que já foi regenerado; alguém cujo coração foi mudado; alguém que ama a Deus e odeia o pecado!

Posso entender perfeitamente como a porca lavada volta à lama. 2 Pedro 2:22. Ela ainda é uma porca. Sua natureza ainda não mudou. Ela adora a lama. Se a porca tivesse sido regenerada - transformada em ovelha - não voltaria jamais à lama. Por acidente, ou levada por alguma força, talvez entrasse novamente, mas não por gostar da lama!

Posso entender perfeitamente como o cachorro volta a seu próprio vômito, 2 Pedro 2:22, simplesmente porque continua um cachorro. A natureza dele não mudou. Mas não posso entender como um homem genuinamente regenerado possa falar em pecar o quanto quiser.

Entendo perfeitamente como o corvo que Noé soltou, não tenha voltado à arca. Gênesis 8:7. Ele não precisava voltar. Tudo servia de comida para sua natureza de corvo. Podia comer até matar a vontade. A superfície inteira das águas estava coberta de corpos mortos, afogados no dilúvio. E ainda posso entender perfeitamente porque a pomba voltou à arca. Gênesis 8:8-9. Ela não comeria carniça - não gosta de tal coisa - por isso tinha que voltar à arca. Quem simplesmente professa conversão pode ir para o mundo e ainda se sentir satisfeito em ficar lá. Sua natureza ainda é de corvo. Pode ficar contente e se banquetear com o pecado. Contudo, o mesmo não acontece com alguém genuinamente convertido. Sua natureza foi mudada. Talvez entre no pecado. Levado por uma terrível tentação, talvez até se desvie. Contudo, nunca se sentirá à vontade. Nunca ficará satisfeito. Como a pomba, não achará descanso ideal para a sola do seu pé. Sua nova natureza se revoltará com o pecado. Ele sempre terá vontade de voltar.

Notem este versículo:

"Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele" 1 João 2:15.

"Pecarei o quanto quiser". Para um homem regenerado, um homem com uma nova natureza a guiá-lo - quanto seria necessário para completar o quanto quiser? O pecado é repulsivo ao regenerado. Não estou dizendo que o crente verdadeiro não peca. A velha natureza continuará lutando com a nova. Isto nos leva a fazer muitas coisas das quais não gostamos. Suponham que um filho, que ama sua mãe de todo coração diga: "Pecarei o quanto quiser. Sei que mamãe ainda vai continuar me amando, por isso continuarei fazendo o que é errado". O que acham de um crente que diz: "Sei que Deus me ama e me salvou, por isso vou o mais longe que puder com o diabo". Podem imaginar um crente verdadeiro dizendo tal coisa?

Mas notem outra objeção:

Creio que muitos acreditam honestamente nesta afirmação. De minha própria experiência pessoal, e do que sei sobre os outros, creio sinceramente que esta é a dificuldade mais séria de toda a questão.

Há tantos crentes professos que parecem viver direito por um tempo e então se desviam. Não só parecem crentes, mas são ativos e consagrados, e então mudam bruscamente. Vocês podem falar com cem pessoas que creem que um crente pode cair, e possivelmente todas elas serão mais ou menos influenciadas por isto mesmo. Poucas se referirão aos ensinamentos da Bíblia. Contarão a história deste ou daquele homem que foi crente um dia (?) e se desviou. Criarão suposições. Este é o argumento mais forte!

"Suponha que este homem que é crente, mate uma pessoa". "Suponha isto". "Suponha aquilo".

Os ensinos claros, direitos e positivos da Palavra de Deus são diminuídos por estes casos imaginários. Recentemente falei com um homem proeminente sobre este assunto. Ele era um membro ativo da igreja à qual pertencia. Cria firmemente que era possível um crente ser perdido novamente. Cada vez que lhe citava a Palavra de Deus, ele rebatia com uma suposição. Fiz o melhor que pude para que visse que a questão era resolvida pela Bíblia e não pela imaginação. Ele era completamente honesto em sua convicção. Em sua igreja havia outro membro, ainda mais devoto do que ele. Era uma senhora que se dava completamente ao trabalho da igreja, e tinha todas as evidências de ser crente. Era honesta e consagrada. Mas certo dia, durante uma reunião quando os irmãos contavam suas experiências, de repente, foi levada a ver que lhe faltava tudo. Depois sozinha em sua casa, que batalha enorme se travou! Mas finalmente a luz raiou. Sua experiência cristã, quando a contou, foi gloriosa. Então eu disse ao irmão atribulado: "Suponha que esta irmã, antes desta nova experiência, tivesse caído no pecado. O que ia pensar? Que com certeza havia caído da graça". Ele viu onde eu queria chegar.

Ouçam o que a Bíblia diz:


"Saíram de nós, mas não eram de nós; porque, se fossem de nós, ficariam conosco; mas isto é para que se manifestasse que não são todos de nós" 1 João 2:19.

Este versículo explica muitas supostas quedas. Até que ponto um crente de verdade pode se desviar? Não sei. Mas tenho a certeza de que mesmo que vá longe, lá dentro do seu coração haverá a vontade de voltar para Deus.

Vamos ver o que a Bíblia diz:
"Porque nos tornamos participantes de Cristo, se retivermos firmemente o princípio da nossa confiança até ao fim" Hebreus 3:14.
"Mas o justo viverá da fé; E, se ele recuar, a minha alma não tem prazer nele" Hebreus 10:38.

Estas declarações foram feitas por Paulo. Muitas das passagens mais fortes, em toda a Palavra de Deus, sobre a segurança do crente, são encontradas nos escritos do Paulo. Ele não me contradiz. Pois enquanto escrevia, estava sendo inspirado pelo próprio Espírito Santo. Além disso, ouçam o que ele diz no mesmo livro do qual tiramos as passagens acima, o no versículo seguinte à última passagem:

"Nós, porém, não somos daqueles que se retiram para a perdição, mas daqueles que creem para a conservação da alma" Hebreus 10:39.

Talvez alguns se retirem, mas não aqueles genuinamente convertidos. "Não os crentes", disse Paulo.
Porque os homens tiram passagens isoladas do contexto imediato, quando seu mau uso só trará dúvidas, tristezas e problemas?
Mas vejam outra passagem citada frequentemente:

"Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida", Apocalipse 2:10.

Mas eles dizem assim: "Você tem que ser fiel até a morte, para ser salvo no final".

Não é este o significado deste versículo. Nem também: "Sê fiel até à morte, para seres salvo". Ouçam o que o versículo diz realmente: "Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida".

Não é a Vida, mas a Coroa da vida. Como a Bíblia ensina, com toda a ênfase que o crente fiel será recompensado! Uma coroa! Deus oferece uma recompensa, uma coroa, a cada servo fiel. Acerca deste assunto, leia detalhadamente o artigo "Se formos firmes e fiéis até o fim, receberemos a Coroa da Vida Eterna ou a Coroa da Vida?", clicando aqui

Na conclusão, amados, quero chamar sua atenção a mais duas passagens das Escrituras:

"Porque ninguém pode pôr outro fundamento além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo. E, se alguém sobre este fundamento formar um edifício de ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha, a obra de cada um se manifestará; na verdade o dia a declarará, porque pelo fogo será descoberta; e o fogo provará qual seja a obra de cada um. Se a obra que alguém edificou nessa parte permanecer, esse receberá galardão. Se a obra de alguém se queimar, sofrerá detrimento; mas o tal será salvo, todavia como pelo fogo" 1 Coríntios 3:11-15.

"Pelas quais ele nos tem dado grandíssimas e preciosas promessas, para que por elas fiqueis participantes da natureza divina, havendo escapado da corrupção, que pela concupiscência há no mundo. E vós também, pondo nisto mesmo toda a diligência, acrescentai à vossa fé a virtude, e à virtude a ciência, e à ciência a temperança, e à temperança a paciência, e à paciência a piedade, e à piedade o amor fraternal, e ao amor fraternal a caridade. Porque, se em vós houver e abundarem estas coisas, não vos deixarão ociosos nem estéreis no conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo. Pois aquele em quem não há estas coisas é cego, nada vendo ao longe, havendo-se esquecido da purificação dos seus antigos pecados. Portanto, irmãos, procurai fazer cada vez mais firme a vossa vocação e eleição; porque, fazendo isto, nunca jamais tropeçareis. Porque assim vos será amplamente concedida a entrada no reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo" 2 Pedro 1:4-11.

Estas duas passagens ensinam duas verdades importantes, que todos nós devemos saber. Elas nos ajudarão muito a entender corretamente este grande assunto, o qual estamos considerando.

A primeira passagem ensina que somos salvos como pelo fogo.

A segunda passagem que podemos ter uma entrada abundante no céu.

Qual das duas nós vamos querer? Só podemos ficar com uma ou outra. Queremos ser salvos como pelo fogo? Mal chegar ao céu? Não ter uma só coroa para colocar a Seus pés? Nem levar uma só alma a Cristo? Tudo o que construímos finalmente ser "madeira, feno e palha"?

É isto realmente o que queremos, amados?

Não é muito melhor ter uma entrada abundante? Não só nos salvarmos, mas levarmos outros a se salvarem? Tudo o que construímos ser finalmente - "ouro, prata, pedras preciosas"? Que tal acham, irmãos? Que tal?

"Vós, portanto, amados, sabendo isto de antemão, guardai-vos de que, pelo engano dos homens abomináveis, sejais juntamente arrebatados, e descaiais da vossa firmeza; Antes crescei na graça e conhecimento de nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo. A ele seja dada a glória, assim agora, como no dia da eternidade. Amém" 2 Pedro 3:17-18.

Meu único propósito ao publicar esta mensagem é confortar os que já nasceram de novo, e realmente procuram o ensinamento bíblico verdadeiro sobre a segurança do crente. Muitas vezes já perguntei, como todos os ministros batistas fazem: "Você pode me dar alguns versículos da Bíblia, que revelam a segurança eterna do crente"? Naturalmente todos dirão João 5:24, porque as últimas frases deste versículo dizem:

"Tem a vida eterna, e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida".

De acordo com esta afirmação o pecador que se arrepende de verdade em relação a Deus e confia completamente em Jesus Cristo como Salvador, jamais será condenado, nem condenado como um pecador perdido, nem banido eternamente da face de Deus. Para mim, esta é a prova suficiente de que Deus não só salva o crente em Cristo, mas o guarda por toda a eternidade. Mas, muitas vezes, crentes honestos e bons que procuram a luz e a verdade, precisam de mais esclarecimento do que este versículo parece trazer a seu atribulado coração e mente. A mensagem do irmão Carroll tem o intuito de ajudá-los e confortá-los em sua procura espiritual pelo conforto da Palavra de Deus.

Não é o desejo do irmão Carroll confortar e deixar em paz a mente de quem nunca nasceu de novo, e tenta, pelas boas obras, ganhar a vida eterna. A primeira coisa que um descrente deve fazer é procurar conhecer, com toda ansiedade, como Deus salva os ímpios. Romanos 4:4-5. A salvação da alma não é garantida ao pecador tendo como base suas boas obras. Mas sim os méritos de outra Pessoa, Jesus Cristo, o Filho de Deus. E a salvação é um "DOM DE DEUS", Efésios 2:8-10. Verifique, meu querido amigo, antes de tudo, se já teve uma experiência genuína da graça no arrependimento em relação a Deus, e fé real em Cristo Jesus como salvador. Então, e só então, você vai encontrar paz e conforto nesta verdade maravilhosa do Dr. Carroll: "A SEGURANÇA ETERNA DE TODOS OS CRENTES COMPRADOS PELO SANGUE".

É minha oração que todos os crentes verdadeiros em Cristo achem esta mensagem um conforto para seu coração - do mesmo jeito que senti quando a li pela primeira vez em 1952 - enquanto, em oração, estudam a mensagem e os versículos da Bíblia usados aqui juntamente com o contexto.